O filósofo e a República

Ao meditar sobre as tensões, o persistente rebuliço do cenário político nacional, que aliás não é tão novo assim, como nos demonstram os fatos e a História, é recorrente e cíclico, pelo menos há cinqüenta e dois anos nesta fase contemporânea da República,

Membro do Partido Socialista Italiano, depois deputado e secretário-geral do Partido Comunista Italiano, preso em 1926 pelo governo fascista de Mussolini, condenado a 20 anos de cadeia. Na prisão, escreveu mais de 30 cadernos que posteriormente ficaram conhecidos como os famosos Cadernos do Cárcere. Em 1934, com a saúde debilitada, de hospital em hospital, consegue a liberdade condicional. Mas pouco tempo depois sofre um derrame cerebral e falece.


 


 



Os textos de Gramsci ultrapassaram as fronteiras do movimento comunista e da própria esquerda. Sua obra, no dizer de Domenico Losurdo, também cientista político e ativista de esquerda, além de estudioso da obra de Gramsci, enriqueceu o discurso político e histórico, deixando um legado teórico imprescindível. A produção do grande italiano vítima do fascismo é  hoje estudo obrigatório em todas as universidades do mundo.


 


 



O horizonte de observação do teórico era  profundo, incluindo a república, desde a revolução francesa. O seu convicto republicanismo era incontestável, mesclado com a causa dos oprimidos. A fidelidade partidária irrepreensível, assim como o espírito de problematizar os fenômenos sociais e ideológicos. Estudioso das questões nacionais dos povos, das obras de Marx, defensor do pensamento de Lênin, é ao mesmo tempo um espírito crítico.


 



Escreve em Cadernos do Cárcere: “tendo esquecido que a tese, segundo a qual os homens conquistam a consciência dos conflitos fundamentais no terreno das ideologias, não tem caráter psicológico… mas um caráter gnosiológico (relativo ao conhecimento), se criou a fórmula de considerar a política como um mercado para tolos, ilusionismo… a desvendar truques, suscitar escândalos”. Algo como uma universidade de golpes baixos.


 



A crítica de Gramsci cai como uma luva sobre a nossa atual conjuntura, quando nos encontramos metidos em conflitos escusos que em nada interessam aos que se dedicam às soluções políticas, administrativas, aos problemas sociais, por um projeto nacional soberano. Desarmar essa armadilha, ultrapassar a crise, é um objetivo suprapartidário, de todos que lutam pelo verdadeiro desenvolvimento nacional.

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