O filme Resistência denuncia as guerras destruidoras de vidas e sonhos humanos

Resistência chama a atenção pela sua filmagem, fotografia e também por mostrar como o império estadunidense age para se apoderar das novas tecnologias e controlar o mundo para os seus interesses.

Imagem: Reprodução/20th Century Studios

Com um tema superatual, o filme Resistência (2023), de Gareth Edwards – em cartaz na plataforma de streaming Star Mais –, traz um debate sobre o desenvolvimento da “inteligência artificial”, capaz de rivalizar com os humanos, absorvendo todas as suas capacidades cognitivas e emocionais.

Nenhuma novidade até então, porque o cinema sempre contou com ficções científicas, prevendo o desenvolvimento de robôs quase humanos, ou mais. Do mesmo modo que dois grandes clássicos, 2001 – uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, onde um computador que controla uma nave espacial enciumado elimina o motivo do seu ciúme; e Blade Runner – o Caçador de Androides (1982), de Ridley Scott, onde robôs mais fortes e tão inteligentes quanto os humanos se revoltam com a sua escravização.

Resistência chama a atenção pela sua filmagem, fotografia e também por mostrar como o império estadunidense age para se apoderar das novas tecnologias e controlar o mundo para os seus interesses.

No original em inglês The Creator (O Criador), a tradução para Resistência, tem até mais a ver com a obra, que mostra, com muitos efeitos especiais, a guerra declarada pelos Estados Unidos, como representantes do Ocidente, como sempre fazem para destruir a inteligência artificial, que não por acaso se refugiou na Ásia.

Além de sua beleza estética, a ficção parece uma história banal onde um ex-agente da inteligência (suposta) estadunidense, Joshua (John David Washington), é contratado para identificar e descobrir a arma secreta desenvolvida pela inteligência artificial que pode deter os avanços da inteligência (também suposta) natural. Ele aceita a encomenda para recuperar a sua esposa grávida, Maya (Gemma Chan), aliada dos androides superevoluídos, que preferiu permanecer com os rebeldes da inteligência artificial.

Mas vai além. O filme remonta às guerras, como a do Vietnã, por exemplo, quando em perseguição aos androides as forças ocidentais são extremamente violentas e torturam com ameaças inclusive crianças para forçar os adultos a denunciarem os rebeldes. Uma personagem diz que as máquinas têm mais coração do que eles que se dizem humanos.

A obra mostra que a inteligência artificial ameaça menos a humanidade do que os próprios seres humanos. Como diriam os marxistas, é a luta de classes. No filme, o imperialismo não mede esforços para destruir as máquinas, e assim manter o seu poder incólume.

Mas a arma secreta que pode vencer o Ocidente e suas armas poderosíssimas é um robô em forma de criança, Alphie (Madeleine Yuna Voyles) que transmite paz e tranquilidade. Não são as máquinas que querem a guerra e o controle do planeta, mas os poderosos e ricos que se sentem ameaçados e lutam não para defender a humanidade, mas o seu próprio status quo.

Remonta à realidade quando assistimos atônitos a falsa retórica dos Estados Unidos contra os bombardeios constantes à Faixa de Gaza pelo governo de Israel, matando indiscriminadamente. E os seus patrocinadores do Ocidente usam essa falsa retórica de que querem impedir as forças bélicas israelenses de continuar matando civis, inclusive um grande número de crianças. Quando na verdade encobrem os crimes do governo de extrema-direita de Israel, como faz grande parte da mídia brasileira.

A ficção de Edwards traz um debate bem atual sobre as supostas ameaças da inteligência artificial à sobrevivência da humanidade. Mas, como disse certa vez o cientista Neil deGrasse Tyson, a ciência deve estar a serviço e ser acessível a toda a humanidade. Certamente, quando chegarmos a isso não teremos muito a temer.

Trailer oficial do filme

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