O dilema de Manaus
Contrariando todas as expectativas, incluindo as pesquisas de “boca de urna”, o 2º turno em Manaus será disputado por Amazonino Mendes (PTB-PP-PHS-PTN-PTC) e Serafim Correa (PSB-PFL-PSDB-PDT-PSDC). Serafim iniciou a campanha com uma rejeição superior a 50
Publicado 07/10/2008 16:19
As forças do campo progressista não conseguiram formar um pólo comum e se apresentaram para o pleito de forma bastante dispersa. PSB e PDT se aliaram ao PFL e PSDB e apoiaram Serafim Correa; PT lançou candidatura própria em aliança com o PPS e obteve 12%, ficando na 4ª posição; PMN e PCdoB marcharam com Omar (3ª posição); PCB apresentou Navarro (0,20%) e PSOL/PSTU lançou Ricardo Bessa (0,15%).
Nesta eleição o PCdoB, atendendo a uma reivindicação nacional do PSB, deixou de apresentar candidato em Manaus e não pode coligar formalmente com nenhum candidato. Indicou politicamente o voto em Omar Aziz (PMN), que contava com o apoio do governador Eduardo Braga (PMDB) e do ministro dos transportes Alfredo Nascimento (PR). Sem campo de coligação teve que alcançar o quociente eleitoral sozinho, com uma chapa própria de 54 vereadores. Conseguiu. Manteve a vaga na Câmara de Vereadores, embora não tenha conseguido ampliar seu espaço.
O dilema agora é precisamente pela aparente contradição que a disputa encerra. Amazonino terá chances remotas de obter apoio do campo progressista, embora se reivindique, também, como candidato da base de Lula. Serafim, do PSB, certamente espera contar o apoio desse campo.
Mas aí surge o dilema que as forças progressistas terão que equacionar, ou seja, mensurar adequadamente quanto uma eventual vitória de Serafim representará de musculatura política adicional para PFL e PSDB que representam, nacionalmente, projetos antagônicos ao do governo Lula.
Amazonino foi 2 vezes prefeito e 3 vezes governador. É uma figura cansada. Pesará, igualmente, contra ele o seu histórico de privatizações. Durante o período em que governou o Amazonas ele privatizou a água, o porto, o Banco Estadual, tentou entregar a reserva de gás a uma empresa americana, se manifestou favorável a divisão do Amazonas e extinguiu todo o setor de produção rural do estado.
Sua linha de argumentação, porem, será que ele agora é “oposição”, está fora do “poder” e não terá contra si todo o desgaste de sucessivas gestões. É pouco, muito pouco.
Serafim procurará tirar proveito de sua condição de militante do PSB e de contraponto a Amazonino. Pesará contra si o esgarçamento da relação com amplos setores da esquerda – que precisam ser adequadamente administrados – e de problemas administrativos, tanto no que diz respeito ao desempenho gerencial quanto à manutenção da privatização da água quando legalmente poderia denunciar o contrato por absoluta falta de cumprimento das metas pactuadas no contrato.