O Choque e a Gestão
O clima de insatisfação que se espalha por todo o estado de Alagoas é decorrente da estratégia administrativa adotada pelo novo governo empossado em primeiro de janeiro, baseada em conceitos já aplicados em nosso país, que resultaram em paralisia econômic
Publicado 18/01/2007 09:05
A justificativa do governo possui base doutrinária conservadora, penaliza os setores assalariados da população, em particular os servidores públicos estaduais, provoca crises em várias áreas produtivas, atingindo a grande maioria da população, como um efeito em cascata.
Essas medidas de impacto anunciadas pelo governo não atingem o ramo de atividade que acumula a esmagadora parcela da riqueza em Alagoas: a agroindústria do açúcar.
Penaliza os assalariados, a pequena e média indústria, a agricultura, os profissionais liberais, os comerciantes que lidam diretamente com os servidores públicos, gerando um círculo danoso a um expressivo contingente da economia alagoana. Fala-se em “choque de gestão” para salvar Alagoas de uma crise muito grave. Mas as causas da dívida pública e desacertos na economia, reconhecidas por todos, não foram originadas pelo aumento dos servidores públicos, como pretende induzir o governo.
São fruto, em parte, das políticas públicas de arrocho fiscal impostas aos Estados da federação durante mais de oito anos e cuja orientação provém dos tecnocratas do Fundo Monetário Internacional, FMI. As conseqüências negativas estão aí há um bom tempo.
Ademais, não constitui segredo para a maioria da sociedade o conhecimento da sonegação de impostos por parcelas de setores da agroindústria, impedindo o aumento da receita do Estado. Há outras causas de origens estruturais, assim como descontroles conjunturais.
No entanto, a iniciativa do governador em seguir o conselho de Maquiavel ao Príncipe, aplicando medidas impopulares no início do governo, deveria ser adotada contra os que acumulam grandes somas do capital. Seria uma medida de coragem cívica e de impacto econômico extremamente positivo.
Caso contrário, preserva-se quem mais deve e busca-se resolver o impasse pelos caminhos insolúveis, porque a crise não reside nos salários dos servidores. A renda continuará concentrada, aumentando as disparidades sociais. Gesta-se uma crise popular explosiva. A chicotada será no lombo do mais fraco. É a antiga fórmula revestida de um vocabulário modernoso.