O 15º Congresso da Oclae
Mais um Congresso Latino Americano e Caribenho de Estudantes (Clae) chega ao fim. Pela primeira vez realizado no Equador, auspiciado pelas organizações estudantis equatorianas e acolhido pelo governo democrático de Rafael Correa – o qual confere plena lib
Publicado 28/11/2007 21:47
A maior delegação estrangeira foi da vizinha Colômbia, onde o movimento estudantil esforçou-se por unificar as quatro entidades estudantis organizadas a nível nacional em torno do Comitê Nacional Preparatório. A Associação Colombiana de Estudantes Universitários (Aceu) e a Associação Nacional de Estudantes Secundaristas (Andes) foram as que mais mobilizaram com um animado contingente de aproximadamente 300 estudantes que chegaram por via terrestre. Em seqüência estiveram Peru e Venezuela.
Outras delegações marcaram presença com um número mais modesto de participantes, mas nem por isso com menor protagonismo político, como foi o caso das organizações estudantis do Haiti, Guatemala, República Dominicana e Estados Unidos.
Esse talvez seja o grande mérito do Congresso da Oclae, reunir o maior número de representações estudantis do continente para juntos definirem as plataformas e agendas comuns para um determinado período, mesmo com delegações desproporcionais. Desde a Federação Universitária Argentina (FUA – que no próximo ano completa 90 anos de existência) até as Federações Estudantis Universitárias do México, organizadas na Oclae, se envolveram nesses propósitos, num espaço específico do evento direcionado somente para as entidades – denominado de Reunião por Representação – onde se equilibra a participação de todas as organizações garantindo que cada uma tenha direito a seu respectivo voto, independente da quantidade de delegados.
Dessa forma foi aprovado de forma consensual, por todas as organizações que são membros plenos e associados da Oclae, um conjunto de resoluções, acordos, agendas, declarações e o documento central apresentados pelo Secretariado Executivo, do qual faz parte a União Nacional dos Estudantes do Brasil.
E foi nesse espaço que a UNE foi homenageada por seus 70 anos de existência e reconduzida ao Secretariado Executivo (ao lado da FEU de Cuba e da Unen da Nicarágua) por todas as organizações estudantis presentes. De igual maneira, Ubes e ANPG também foram reeleitas para mais um período no Secretariado Geral da Oclae, responsáveis pelos movimentos secundarista e de pós-graduandos, respectivamente, em todo o continente.
Todo esse reconhecimento é fruto da qualificada atuação política das organizações estudantis brasileiras que se destaca pela unidade de organização (mesmo em um país de dimensão continental), pela grande influência política que gozam no país e pelo pensamento progressista que representam. Tanto as resoluções políticas como o documento central foram iniciativas da UNE, que sistematizou e redigiu a proposta inicial aprovada por todas as demais entidades.
Também algumas inovações merecem ênfase, tais como o estudo em se ampliar o número de participantes no Secretariado Executivo e a implementação de novas áreas de trabalho e atividades em temas diversos, como na frente cultural, de esportes, de gênero, entre outras. No conjunto dessas diretrizes o movimento estudantil latino-americano aprovou a criação das Bienais de Cultura da Oclae (a exemplo do que ocorre no Brasil), a realização dos Jogos Estudantis Continentais (que vai pedir apoio ao Ministério do Esporte do Brasil) e os Encontros de Mulheres da Oclae (também inspirados na UNE). Além disso, apóia as iniciativas mais amplas como a integração em curso no continente (Mercosul, Alba e Unasul), repudia a guerra imperialista e a tentativa de desestabilização de governos progressistas na região, promove a educação como instrumento de emancipação dos povos e aponta outras tantas resoluções relativas a conjuntura política, educação e movimento estudantil continental.
A Plenária final coroou todo o esforço da delegação brasileira com a aprovação de todas as propostas apresentadas. Na marcha final, relembrando a Culturata que encerrou o penúltimo Clae no Brasil, uma grande e animada passeata pelas principais ruas de Quito que teve as principais organizações estudantis na linha de frente, entre elas a UNE, que agitava sem parar a bandeira verde e amarela.