Neonazistas são escorraçados de estádio e bar

As reações à extrema-direita – aos nazistas, fascistas e bolsonaristas – começam a pipocar em todo o país

Neste domingo (13), os torcedores do time Brasil de Pelotas expulsaram do estádio um maluco que tinha em sua lombar tatuagens nazistas – como a Cruz de Ferro e os dizeres “Mein Kampf”, título do livro do criminoso alemão Adolf Hitler. A reação altiva ocorreu durante a partida em Pelotas, interior gaúcho, contra o Novo Hamburgo pelo Campeonato Gaúcho.

O neonazista saiu escoltado do estádio Bento Freitas pela PM após levar uns safanões. Pelas redes sociais, a atitude foi aplaudida. Integrantes da torcida lembraram a origem operária do time e rechaçaram qualquer tipo de racismo, ódio e preconceito. Lideranças políticas do Rio Grande do Sul também se pronunciaram.

“Com nazista não tem conversa”

Manuela D’Ávila (PCdoB), que foi candidata a vice na chapa de Fernando Haddad em 2018 e disputou a prefeitura de Porto Alegre em 2020, tuitou: “Parabéns à torcida do Brasil de Pelotas por ter expulsado o homem com tatuagens neonazistas da arquibancada no jogo de ontem. Não podemos tolerar que manifestações como essa sejam toleradas!”.

Já a deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS) compartilhou um elogio aos torcedores: “Parabéns à torcida do Brasil de Pelotas por expulsar do estádio este homem com tatuagens nazistas (cruz de ferro e Mein Kampf). Com fascistas e nazistas não tem conversa. Não passarão!”.

Já a vereadora de Porto Alegre Daiana dos Santos (PCdoB) postou: “A extrema-direita deu amplitude e voz para grupos racistas, homofóbicos e antissemitas em nosso país. O Brasil de Pelotas é um clube que foi fundado pela classe operária e negra. Parabéns para a torcida Xavante, que honrou suas raízes! Com nazista não tem conversa”.

Psicopata com faca é expulso de bar em Teresina

Jovem neonazista expulso de bar por usar camiseta da Schutzstaffel | Foto: Reprodução

Na semana passada, um vídeo já havia viralizado nas redes sociais com outra reação altiva aos neonazistas. Num bar em Teresina (PI), um psicopata metido a valentão apareceu vestido com uma camiseta da Schutzstaffel, mais conhecida como SS, a temida e assassina ala paramilitar do Partido Nazista de Adolf Hitler. Ele foi expulso aos gritos do local.

Diante da reação, o aloprado começou a gritar “grande raça ariana, grande raça ariana”. O covardão também sacou uma faca e ameaçou os frequentadores do bar. E ainda fez a saudação nazista do “Heil, Hitler (Salve Hitler)” – a mesma exibida pelo comentarista Adrilles Jorge, da TV “Jovem Klan”, demitido na semana passada após forte reação da sociedade.

As reações à extrema-direita – aos nazistas, fascistas e bolsonaristas – começam a pipocar em todo o país. A ascensão ao poder de Jair Bolsonaro abriu as portas do inferno e as tampas do esgoto – e essa galera admiradora da morte e difusora do ódio veio à tona. Agora, ela passa a ser devidamente escorraçada, rechaçada.

Os camarotes de luxo de Marcelo Izar

Marcelo Izar Neves, empresário condenado por ofensas nazistas | Foto: Reprodução/Metrópoles

Mas há muitos neonazistas ainda em plena ação no Brasil. Reportagem do site Metrópoles postada neste domingo (13) expõe o perfil do empresário Marcelo Izar Neves, dono de camarotes de luxo em 11 estádios brasileiros. Recentemente, ele já foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo após explicitar sua simpatia ao nazismo e proferir ofensas antissemitas.

“Marcelo Izar foi condenado a um ano de prisão em regime aberto após dizer a um vizinho judeu, em um condomínio no Morumbi, zona oeste de São Paulo, que ‘Hitler estava certo’ e que ‘a raça de vocês não presta’. Ele ainda deu um tapa no rosto da vítima, que tentou pegar o celular para registrar as ofensas, mas não conseguiu. A pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade. O processo tramita no TJSP.

O site apurou que o nazista é dono da Unyco, empresa especializada em camarotes corporativos presente em 11 estádios do país, sedes dos principais times do futebol nacional e palco de grandes shows: Maracanã, Allianz Parque, Vila Belmiro, Arena Corinthians, Morumbi, Arena Fonte Nova, Mineirão, Beira Rio, Arena Grêmio, Arena da Baixada e Arena Castelão.

Filho do ex-goleiro Gilmar da seleção brasileira

“Segundo o site da empresa, o camarote da Unyco possui ‘diferentes ambientes e oferece a versatilidade de realização de eventos de variados portes, num espaço que une a paixão do esporte ao requinte’. A companhia oferece serviços de open bar e open food, equipe de atendimento, estacionamento exclusivo e pontos de encontro para traslado dos clientes”.

Na sexta-feira passada (11), o site Metrópoles tentou contato com as assessorias dos 11 estádios para saber se manterão o Unyco como parceiro, após o dono da companhia ter sido condenado por injúria racial e ameaça, “mas 10 delas não se manifestaram até a última atualização da matéria”. Só o Mineirão informou que não possui mais parceria com a Unyco.

O site Metrópoles ainda faz uma triste revelação. “Marcelo é filho do ex-goleiro da seleção brasileira Gylmar dos Santos Neves, o Gilmar – bicampeão da Copa do Mundo ao lado de Pelé, Garrincha e companhia nos anos de 1958 e 1962 – e primo do deputado Ricardo Izar (PP-SP), aliado do presidente Bolsonaro (PL) que se diz ‘defensor dos vulneráveis’”.

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