Maioria instável
Forças derrotadas no último pleito presidencial resistem por todas as formas possíveis; enquanto a ampla frente democrática e progressista que governa tudo faz para levar adiante a agenda da reconstrução nacional
Publicado 29/02/2024 13:03 | Editado 02/03/2024 15:53
Informação do Poder360 citada no Vermelho dá conta de que a base do governo na Câmara dos Deputados passou de 260 para 320 parlamentares.
Em contrapartida, a oposição diminuiu.
Isto a custa de muita negociação, misto de flexibilidade e firmeza política do presidente Lula e concessões parciais.
Bom sinal.
Entretanto, a comemoração deve ser parcimoniosa. Apoios conquistados ao centro e ao centro-direita são por natureza instáveis, ainda que indispensáveis.
Lênin, vitorioso líder da revolução socialista na Rússia, propugnava a absoluta necessidade de isolar, enfraquecer e derrotar o inimigo principal. E, para tanto, necessário explorar todas as possibilidades de atrair para o nosso campo forças as mais diversas, inclusive aquelas em que não se tem confiança e com as quais se estabelecem acordos temporários.
Mais: forças que por diversas razões, embora em contradição com o inimigo principal, não sejam suscetíveis à aliança, devem ser pelo menos neutralizadas.
É o que vem acontecendo na conduta do presidente Lula e seus auxiliares diretos na condução política do governo, tenham ou não plena consciência desse postulado tático leninista.
Alianças absolutamente necessárias, como a prática vem demonstrando, para um governo de transição da situação de descalabro herdada de Temer e Bolsonaro a uma nova condição na qual possam prosperar, de modo consistente, mudanças de caráter progressista no país.
Essa transição necessariamente é conturbada, pois as forças derrotadas no último pleito presidencial resistem por todas as formas possíveis; enquanto a ampla frente democrática e progressista que governa tudo faz para levar adiante a agenda da reconstrução nacional.
Tudo bem.
Mas falta algo para completar a equação tática progressista: a mobilização ativa de sua ampla base social e política — fator decisivo para que a transição se complete em bases consistentes.