Ídolo de barro, Mandetta prova do próprio veneno em governo fascista

O discurso e o posicionamento do ex-Ministro ficaram incompatíveis com a política genocida do Presidente e seus fanáticos seguidores.

Não defendo o agora ex-Ministro Luiz Henrique Mandetta. Enquanto deputado federal pelo DEM, recebeu como financiamento de campanha vultuosos recursos de operadoras de planos de saúde, fez parte da tropa de choque de Eduardo Cunha, defendeu o golpe em Dilma Rousseff e votou a PEC do teto de gastos que tirou bilhões do orçamento da saúde.

Já como Ministro da Saúde vinha atuando sistematicamente no desmonte do SUS, acabou com o Mais Médicos e buscava incentivar o controle de hospitais públicos por organizações privadas.

Mandetta aceitou ser ministro de um governo fascista e contribuiu em certa parte para toda a barbárie que nos assombra. Hoje porém, devo reconhecer que o ex-Ministro caiu não devido ao seu histórico – talvez tenha sido escolhido por ele -, mas sim devido aos seus acertos na condução do combate ao novo coronavirus.

Diante do Presidente negacionista, Mandetta seguiu as recomendações da Organização Mundial da Saúde e não se curvou as pressões para agradar o deus mercado, ao menos nesse momento. Como liberal que sempre foi, o político saiu defendendo o SUS, a ciência e o isolamento social como medida para salvar vidas.

Mandetta sentiu na pele, no peso da cadeira que ocupava, a importância de um sistema de saúde pública robusto como o SUS no combate a uma pandemia de tamanha proporção. Herança da democratização do país, conquista da esquerda e dos movimentos sociais sanitaristas, se não fosse o SUS, tão demonizado pelos liberais, os estragos já estariam em escala astronômica como nos EUA, e talvez já estaríamos empilhando corpos como na Itália.

Por todos os esforços em prol da vida, o discurso e o posicionamento do ex-Ministro ficaram incompatíveis com a política genocida do presidente e seus fanáticos seguidores, que espalham o caos no país em carretas da morte confrontando governadores e prefeitos que buscam fazer os seus trabalhos de maneira técnica e solidária.

O fascismo não perdoa ninguém, por isso Mandetta caiu. Agora o Brasil seguirá rumo a uma espiral de incertezas, talvez no momento mais difícil da nossa história.

*Artigo elaborado com a colaboração de Érika dos Anjos

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