Eleições 2006: desafios e perspectivas de Lula e Alckmin
As eleições gerais de outubro se darão num ambiente de grande decepção do eleitorado, tanto com os supostos desmandos do governo quanto do Congresso. No pleito estarão em disputa a Presidência da Repúbl
Publicado 08/04/2006 08:28
As eleições gerais de outubro se darão num ambiente de grande decepção do eleitorado, tanto com os supostos desmandos do governo quanto do Congresso. No pleito estarão em disputa a Presidência da República, os Governos Estaduais, toda composição da Câmara dos Deputados, um terço do Senado e as vagas das Assembléias Legislativas de todo o país.
Os eleitores irão às urnas sem grande entusiasmo: não estão satisfeitos com o Governo do Presidente Lula nem sentem saudade do governo do PSDB.
Apesar da ausência de entusiasmo e a julgar pelos primeiros movimentos dos principais contendores (PT versus PSDB), as eleições serão das mais disputadas e talvez das mais violentas da história do Brasil, com uma baixaria jamais vista.
Analisemos rapidamente os principais candidatos. Seus trunfos e suas vulnerabilidades, começando pelo candidato do PT.
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu presidente da República em 2002 com três eixos de campanha: renovação ética, inclusão social, e estabilidade econômica.
Além dos programas sociais, os três pilares de sustentação da gestão Lula eram: moralidade, apoio no Congresso e estabilidade econômica.
Ao longo do mandato, com exceção da estabilidade e do programa social Bolsa Família, os demais pilares vêm desmoronando perante a opinião pública.
Na economia, o governo do presidente Lula teve muita sorte. Ao contrário de FHC, que enfrentou as crises da Ásia, da Rússia, do México e da Argentina, seu governo navega em céu de brigadeiro, sem nenhuma crise externa que afete a economia nacional.
É a sorte que poderá salvar a reeleição. É que na história dos países são raros os momentos em que a economia não se apresenta como o fator determinante da eleição.
Portanto, além do carisma pessoal do presidente, sua campanha contará com a estabilidade econômica.
Além deste aspecto, há que se considerar que o presidente Lula contará com as seguintes vantagens:
é candidato à sua própria sucessão;
é candidato à sua própria sucessão;
goza de forte carisma pessoal;
disputará no exercício do mandato;
será beneficiado pela ausência de candidaturas de centro (o PMDB, por força da verticalização, tende a não lançar candidato);
dará perfil técnico à campanha, mostrando as realizações econômicas e sociais do governo, comparando-as às do governo anterior, e evitando temas ético-morais;
terá o apoio quase incondicional dos beneficiários do bolsa-família;
não foi pessoalmente atingido pela crise ética de seu partido e de parcela do Governo que lidera (conseguiu separar o governo e de sua pessoal.
não foi pessoalmente atingido pela crise ética de seu partido e de parcela do Governo que lidera (conseguiu separar o governo e de sua pessoal.
As desvantagens de Lula na tentativa de reeleição são:
entra na disputa vulnerável do ponto de vista ético-moral, com seus principais auxiliares fora do governo por denúncia de corrupção: José Dirceu e Antônio Palocci; além da queda da ex-cúpula do partido: José Genoíno, Delúbio Soares e Silvio Pereira;
terá uma aliança restrita, por força da verticalização e da cláusula de barreira. Contará com o PC do B e talvez o PSB.
Não contará mais com a unanimidade dos servidores públicos, dos trabalhadores do setor privado e dos aposentados e pensionistas;
Será atacado pela oposição quanto as baixas condições de governabilidade, por absoluta falta de apoio no Congresso, caso Lula seja reeleito.
O candidato do PSDB, ex-governador Geraldo Alckmin, elegeu como motes de campanha o que considera vulnerável no governo Lula e no PT: a) coerência política, b) competência administrativa, e c) honestidade.
A campanha tucana, além de mostrar as realizações de Alckmin no Governo de São Paulo e prometer redução de impostos, vai explorar as contradições do PT e do Governo na economia, na política e na gestão do Estado, bem como denunciar o aumento do gasto público e da corrupção.
Nesse cenário, as supostas vantagens da candidatura de Geraldo Alckmin são:
a experiência administrativa, com 12 anos no Governo de São Paulo;
a desvinculação política do grupo de FHC; já que pertencia ao grupo político de Mário Covas, crítico da política econômica do governo tucano;
a provável grande aliança de partidos, com palanques fortes nas principais unidades da federação (SP,MG e possivelmente, RJ);
o praticamente certo apoio do setor produtivo e do mercado financeiro;
o amplo domínio sobre os problemas nacionais, a serem apresentados aos eleitores de forma técnico-didático.
A sua postura de homem simples, tranqüilo e religioso;
a ainda baixa rejeição e a baixa vulnerabilidade pessoal do ponto de vista ético;
As desvantagens ou vulnerabilidades do candidato Geraldo Alckmin:
As desvantagens ou vulnerabilidades do candidato Geraldo Alckmin:
ausência de carisma pessoal; (é tido como insosso, a ponto de o terem apelidado de picolé de chuchu);
é visto como defensor das privatizações, favorável à flexibilização de direitos trabalhistas e previdenciários, além de pretender reduzir gastos sociais do Governo;
alvo de denúncias de favorecimento aos parlamentares de sua base em São Paulo na publicidade da Nossa Caixa e dos presentes recebidos por sua esposa;
entra na disputa com um relativo baixo índice de intenção de voto;
é desconhecida sua capacidade de resistência a escândalos.
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