Eleições 2006: desafios e perspectivas de Lula e Alckmin

As eleições gerais de outubro se darão num ambiente de grande decepção do eleitorado, tanto com os supostos desmandos do governo quanto do Congresso. No pleito estarão em disputa a Presidência da Repúbl

As eleições gerais de outubro se darão num ambiente de grande decepção do eleitorado, tanto com os supostos desmandos do governo quanto do Congresso. No pleito estarão em disputa a Presidência da República, os Governos Estaduais, toda composição da Câmara dos Deputados, um terço do Senado e as vagas das Assembléias Legislativas de todo o país.

Os eleitores irão às urnas sem grande entusiasmo: não estão satisfeitos com o Governo do Presidente Lula nem sentem saudade do governo do PSDB.

Apesar da ausência de entusiasmo e a julgar pelos primeiros movimentos dos principais contendores (PT versus PSDB), as eleições serão das mais disputadas e talvez das mais violentas da história do Brasil, com uma baixaria jamais vista.

Analisemos rapidamente os principais candidatos. Seus trunfos e suas vulnerabilidades, começando pelo candidato do PT.

O candidato Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu presidente da República em 2002 com três eixos de campanha: renovação ética, inclusão social, e estabilidade econômica.

Além dos programas sociais, os três pilares de sustentação da gestão Lula eram: moralidade, apoio no Congresso e estabilidade econômica.

Ao longo do mandato, com exceção da estabilidade e do programa social Bolsa Família, os demais pilares vêm desmoronando perante a opinião pública.

Na economia, o governo do presidente Lula teve muita sorte. Ao contrário de FHC, que enfrentou as crises da Ásia, da Rússia, do México e da Argentina, seu governo navega em céu de brigadeiro, sem nenhuma crise externa que afete a economia nacional.

É a sorte que poderá salvar a reeleição. É que na história dos países são raros os momentos em que a economia não se apresenta como o fator determinante da eleição.

Portanto, além do carisma pessoal do presidente, sua campanha contará com a estabilidade econômica.

Além deste aspecto, há que se considerar que o presidente Lula contará com as seguintes vantagens:
é candidato à sua própria sucessão;

goza de forte carisma pessoal;

disputará no exercício do mandato;

será beneficiado pela ausência de candidaturas de centro (o PMDB, por força da verticalização, tende a não lançar candidato);

dará perfil técnico à campanha, mostrando as realizações econômicas e sociais do governo, comparando-as às do governo anterior, e evitando temas ético-morais;

terá o apoio quase incondicional dos beneficiários do bolsa-família;
não foi pessoalmente atingido pela crise ética de seu partido e de parcela do Governo que lidera (conseguiu separar o governo e de sua pessoal.

As desvantagens de Lula na tentativa de reeleição são:

entra na disputa vulnerável do ponto de vista ético-moral, com seus principais auxiliares fora do governo por denúncia de corrupção: José Dirceu e Antônio Palocci; além da queda da ex-cúpula do partido: José Genoíno, Delúbio Soares e Silvio Pereira;

terá uma aliança restrita, por força da verticalização e da cláusula de barreira. Contará com o PC do B e talvez o PSB.

Não contará mais com a unanimidade dos servidores públicos, dos trabalhadores do setor privado e dos  aposentados e pensionistas;

Será atacado pela oposição quanto as baixas condições de  governabilidade, por absoluta falta de apoio no Congresso, caso Lula seja reeleito.

O candidato do PSDB, ex-governador Geraldo Alckmin, elegeu como motes de campanha o que considera vulnerável no governo Lula e no PT: a) coerência política, b) competência administrativa, e  c) honestidade.

A campanha tucana, além de mostrar as realizações de Alckmin no Governo de São Paulo e prometer redução de impostos, vai explorar as contradições do PT e do Governo na economia, na política e na gestão do Estado, bem como denunciar o aumento do gasto público e da corrupção.

Nesse cenário, as supostas vantagens da candidatura de Geraldo Alckmin são:

a experiência administrativa, com 12 anos no Governo de São Paulo;

a desvinculação política do grupo de FHC; já que pertencia ao grupo político de Mário Covas, crítico da política econômica do governo tucano;

a provável grande aliança de partidos, com palanques fortes nas principais unidades da federação (SP,MG e possivelmente, RJ);

o praticamente certo apoio do setor produtivo e do mercado financeiro;

o amplo domínio sobre os problemas nacionais, a serem apresentados aos eleitores  de forma técnico-didático.

A sua postura de  homem simples, tranqüilo e  religioso;

a ainda baixa rejeição e a baixa vulnerabilidade pessoal do ponto de vista ético;
As desvantagens ou vulnerabilidades do candidato Geraldo Alckmin:

ausência de carisma pessoal; (é tido como insosso, a ponto de o terem apelidado de picolé de chuchu);

é visto como  defensor das privatizações,  favorável à  flexibilização de direitos trabalhistas e previdenciários, além de pretender reduzir gastos sociais do Governo;

alvo de denúncias de favorecimento aos parlamentares de sua base em São Paulo na publicidade da Nossa Caixa e dos presentes recebidos por sua esposa;

entra na disputa com um relativo baixo índice de intenção de voto;

é desconhecida sua capacidade de resistência a escândalos.

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