Ele nunca vai nos abandonar!

O Corinthians comeu o pão que o diabo amassou em 2007. Moralmente falido após os escândalos protagonizados pela parceria entre o clube e a MSI, o time tornou-se o reflexo de toda a crise. Perdeu jogadores importantes ao longo do campeonato, e junto com eles toda e qualquer capacidade de reação diante de momento tão delicado.

Para quem não se lembra, o mesmo Corinthians rebaixado em 2007 estreou fazendo 3 a 0 no Cruzeiro, em pleno Mineirão. Chegou a liderar nas primeiras rodadas da competição! E aí a crise com a parceira veio à tona. O clube, numa situação de terra arrasada, foi obrigado a se desfazer de sua maior promessa, o meia William, além de outros jogadores que preferiram trocar de clube a viver em um ambiente absolutamente instável que ali se instalava.

Sem dinheiro para contratações que minimamente repusessem o estrago já feito, o Corinthians teve de se virar com muitos jogadores jovens, alguns com qualidade, mas muito novos para enfrentar a pressão que crescia em progressão geométrica no clube. Com isso, os resultados dentro de campo não apareciam e o alvinegro de Parque São Jorge despencava vertiginosamente na tabela, passando parte considerável do campeonato na zona do rebaixamento, ali permanecendo ao final do Brasileirão.

Em meio a todo esse caos, o presidente Alberto Dualib, responsável direto pela estranha parceria, se escondeu em Londres, sob o pretexto de negociar com Kia Joorabchian, o homem forte da MSI, uma saída para a crise existente. Com processos judiciais pipocando no Brasil, a Inglaterra se tornou um verdadeiro exílio. Possivelmente foi o troco brasileiro por Ronald Biggs, que fez o caminho inverso após assaltar um trem pagador na terra da Rainha.

A MSI (Media Sports Investments) era uma empresa com sede em Londres, cuja sede se localizava em cima de uma academia de musculação, com uma entrada bem acanhada e capital social em torno de mil libras. Alguém que ninguém conseguiria imaginar colocando US$ 50 milhões num clube de futebol no Brasil. Pois é, eles colocaram no Corinthians. Era possível, pelo menos, desconfiar de alguma coisa, mas Dualib aceitou sem ressalvas, comprando uma briga enorme com sua oposição, à época tendo sua maior expressão em Romeu Tuma Júnior.

O ano seguinte era de reconstrução! Caiu a parceria, caiu o presidente Dualib, caiu até parte considerável do time, além da contratação de Mano Menezes, treinador do Grêmio que dirigia o tricolor gaúcho na famosa Batalha dos Aflitos, também pela Série B, e levou o clube à final da Libertadores.

Andres Sanchez foi eleito o novo presidente do Corinthians, inicialmente para um mandato tampão, mas posteriormente para mais 3 anos a frente do clube. A nova diretoria tem acertado bastante, mas ainda não inspira a confiança necessária para dirigir um dos maiores clubes do país. Se bem que, é possível confiar em algum cartola?

Mano utilizou o Campeonato Paulista para montar o time, aproveitando poucos talentos do time rebaixado, mas essenciais para o andamento do trabalho dele. Contratou alguns que já estiveram com ele no Grêmio e outros que ele observou pelo futebol brasileiro. O resultado inicial foi assustador para a torcida, afinal de contas o time não chegou sequer às semifinais do Paulista. Mas era só o início.

Aquele mesmo time, ainda em formação, foi à final da Copa do Brasil, sendo derrotado pelo Sport de Recife. Se o resultado não era animador para um clube do porte do Corinthians, era excelente para um clube que jogaria a segunda divisão do Brasileirão.

E o Corinthians provou que estava no caminho correto. Atropelou no campeonato, garantindo o acesso à elite do futebol nacional a seis rodadas do fim. Foi campeão da Série B com quatro rodadas de antecedência! Passeou pela segunda divisão e ali sua torcida já avisava: “O Coringão voltou”!

No fim do ano passado, uma contratação de grande impacto mexeu com todo o futebol nacional. Ronaldo, o Fenômeno, assinou com o Timão por um ano. A expectativa de uma nova volta por cima do craque mobilizou o país. Inclusive o mercado do futebol voltou seus olhos para o Corinthians. Vários jogadores gostariam de jogar com Ronaldo! Melhor do que contra ele.

Os impactos negativos desta contratação se deram, principalmente, na camisa corinthiana. Por conta da visibilidade de Ronaldo, os jogadores parecem pilotos de Fórmula 1, com patrocínios até nos sovacos!

Os positivos foram vários, destacando-se o retorno financeiro através do marketing corinthiano em torno do craque, estádios invariavelmente lotados e gols, belíssimos gols de Ronaldo. Se ainda se encontra fora de forma, possui um talento incomum e desta forma foi decisivo na final do Paulista. Marcando um golaço contra o Santos, em plena Vila Belmiro, diante do Rei Pelé, arrancando aplausos do mesmo.

Mas engana-se quem pensa que o Corinthians é Ronaldo e mais dez. O time é defensivamente sólido, com Chicão e William formando a dupla de zaga, além de Alessandro pelo lado direito, Cristian e Elias na proteção à zaga e todo um sistema de retorno das peças do time para a marcação.

A subida para o ataque é rápida e com qualidade. Elias carrega a bola da defesa para o ataque, joga no pé de Douglas, dono de um passe primoroso para municiar Ronaldo, Dentinho e Jorge Henrique. Além de André Santos, lateral que aparece sempre como opção ofensiva pela esquerda. Suas boas atuações o levaram à Seleção Brasileira. E agora, parece que o levarão para a Europa. Infelizmente!

Campeões paulistas, e recentemente da Copa do Brasil contra o poderoso time do Internacional de Porto Alegre, o Corinthians 2009 é, hoje, o grande favorito ao Campeonato Brasileiro. Mais do que resultados no campo, este time trouxe de volta o respeito à gloriosa história do Corinthians, perdido pela nefasta gestão de Dualib e sua parceira fantasma, além de colocar o Timão no lugar de onde nunca deveria ter saído, entre os grandes do nosso futebol!

Pois é, o Coringão voltou mesmo. Para o bem do nosso futebol.