E dá-lhe, Frente Ampla!
Fecha-se o cerco, como dissemos. Mas a partida não está ganha. Se há muito o que comemorar, há ainda muito com que se preocupar
Publicado 29/07/2022 07:46

São muitas as datas e eventos a comemorar:
Dia 27 de julho, o Solidariedade, partido de Paulinho da Força, aderiu à Aliança Juntos pelo Brasil, liderada por Lula e Alckmin. Para o 11 de agosto que vem chegando, o movimento popular e variadas forças políticas convocam ato unitário em defesa do Estado de Direito. Até agora, mais de 300 mil são as assinaturas do manifesto que será lido no Largo de São Francisco, na capital paulista, em defesa da democracia.
A 20 de agosto, o Vale do Anhangabaú, palco do Comício de um milhão e meio pelas Diretas em 1984, está agendado para receber o primeiro ato político da campanha de Luiz Inácio e Geraldo. Simbolismo político p’ra lá de metro.
Aprofunda-se, pois, o isolamento do facinoroso do Planalto, e o cerco vai se fechando. O povo, consultado pelas pesquisas, não somente quer majoritariamente Lula, como quer democracia, comida na mesa, emprego e salário que prestem, paz, e economia nos trilhos, sem carestia, sem desindustrialização.
O povo pede e clama; o empresariado conversa. Com quem? Com Luiz Inácio, mais o Geraldo.
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A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Fiesp, lança carta em defesa da democracia e pede que o Estado de Direito seja respeitado. Apesar das vozes empresariais dissonantes, seu presidente, filho do falecido José Alencar, mantém a entidade patronal no campo da democracia.
Industriais têxteis apresentam demandas que, necessariamente, tocam em questões de soberania nacional, de custos de produção encarecidos pelos preços da energia e dos combustíveis e, para não perderem viagem, buscam saber como é que fica mesmo esse lance de reforma trabalhista que os trabalhadores já avisaram que tem de revogar.
Banqueiros andam a dizer que é melhor ficar o Brasil com alguma coisa do pacto de 1988, quando assinamos a Constituição Cidadã – hoje um bocado mutilada, é verdade; mas tem lá seus princípios, a senhora. E se banqueiro cogita trocar de barco, é que a coisa ‘tá boa não pro lado de seus candidatos do coração.
Os que hoje se chamam de agronegócio também resolveram fazer suas embaixadas. Senhores de investimentos sensíveis aos abalos internacionais e ao comportamento diplomático do Estado brasileiro, pecuaristas e plantadores de diferentes culturas foram por certo apresentar lula com chuchu como oferenda para que os deuses do mercado não prejudiquem ainda mais os seus ganhos.
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A caserna, por seu turno, não deixou por menos: enviou suas mensagens cifradas ao indigitado e seu parceiro bandeirante. Um bom pedaço das Forças Armadas da combalida República ‘tão gostando muito não do miliciano boquirroto. Talvez tocados pela memória da FEB e da FAB na Segunda Guerra, e das glórias de Barroso no Riachuelo, comandantes de alta patente das três armas procuraram discretamente o candidato do povo para apresentar-lhe suas dores de cabeça e alguns desejos da corporação.
Fecha-se o cerco, como dissemos. Mas a partida não está ganha. Se há muito o que comemorar, há ainda muito com que se preocupar.
Acuado, o lado de lá vai destilando seu veneno, articulando suas forças, proclamando suas más intenções e programando seu golpezinho acalentado. Mandou dizer o meliante palaciano que é a última convocação que fará de sua matilha. Não se sabe o quanto de disposição há na banda fascista. Por isso, nada de baixar a guarda e cantar vitória. Todas as forças democráticas, da esquerda à direita, estão de prontidão e devem assim continuar.
Agora, mais do que antes, entidades sindicais e populares, movimentos sociais, partidos e candidaturas de diferentes tendências e níveis de disputa, militantes e bases parlamentares, trabalhadores, gerentes, empresários, homens e mulheres de todas as idades – todos devemos falar ao povo, explicar-lhe os acontecimentos, encarecer a democracia como palco privilegiado para lutas e conquistas, defender as eleições e as urnas eletrônicas, conquistas da Nação.
Dissemos na semana passada e repetimos: o povo na rua é a mais importante linha de resistência a golpes – planeados, factíveis ou arrotados, não importa – bem como é a força decisiva para a vitória do Grêmio Recreativo Civilização e Liberdade nestas eleições. Por isso, a campanha de cada candidato do campo democrático, seja ela a majoritário ou a proporcional, deve se fazer instrumento de mobilização de massas e de união de amplas forças políticas e sociais em defesa da democracia e da reconstrução do Brasil.