Aqui não tem defensiva

Outro dia soube que, por conta da realização deste evento, cerca de 3,6 milhões de empregos estão sendo criados no país. Existe um programa do governo federal (Pronatec) que está qualificando 94 mil trabalhadores voltados a atividades da Copa. Meu país será visto na TV por 46% da população mundial. Como brasileiro teria até vergonha de explicar para um estrangeiro as razões de ser contrário à realização da Copa do Mundo pelo próprio “país do futebol”. Se até os EUA, potência máxima dos esportes individuais, sediou essa coisa, por que o Brasil não pode?

Existe uma série de dados disponíveis dispondo os imensos benefícios de um evento deste porte. Fico me perguntando como alguém com alguma inteligência pode ser contrário? Das duas uma, ou a figura é muito mal informada ou é muito reacionária. Sabe aquele tipo classe média com jeito “cult” e que adora ser notado com um exemplar da revista Veja, achando bonito ser feio? É desse tipo de gente que estou me referindo.

Porém, infelizmente o jogo não é jogado no campo do argumento sério. Sim, argumentar é parte essencial desta luta política. Digo luta política porque existe um imenso biombo por detrás desta campanha fascista contra a realização da Copa do Mundo em nosso país. Vocês já perceberam quem argumenta contra a Copa? São os mesmos que argumentam a favor de mais taxa de juros para combater a inflação, são os mesmos que sabotam qualquer projeto sério do governo, são os mesmos que acreditam que o Brasil deve falar grosso com a Bolívia (e amansar com os Estados Unidos).

São os mesmos que não falam para você que enquanto a Copa vai gerar 3,6 milhões de empregos, cerca de 45% do orçamento da União é repassado ao sistema financeiro sob a rubrica dos juros da dívida pública. E quem faz o serviço de agitação e propaganda contra a Copa advoga por maiores taxas de juros! Quem tem conhecimento acerca do seguinte fato: somente a rolagem desta dívida seria suficiente para construir 60 estádios do porte do Maracanã?

O processo de construção de estádios e melhores vias de acesso aos estádios não são um fim em si mesmo. São imensos investimentos públicos travados há pelo menos 20 anos que estão sendo executados. Certamente que se não fosse a Copa do Mundo estes recursos estariam sendo remetidos ao sistema financeiro, enquanto a imprensa golpista corrompe mentes dizendo que tirar dinheiro de circulação e cortar gastos são essenciais ao combate à inflação e melhora da imagem do Brasil diante dos “investidores estrangeiros” que para mim não passam de bandidos de colarinho branco.

Mas existe aquele tipo bem intencionado, que é contra a corrupção e a favor de mais investimentos em saúde e educação. O inferno está lotado de boas intenções. A Copa não tirou nenhum real das áreas sociais. De 2007 (ano em que o Brasil conquistou o direito de realizar a Copa) para cá, os investimentos em Saúde e Educação cresceram em todos os anos.

Enfim, não estou nem um pouco na defensiva. Posso fazer guerra de posição em detrimento da guerra de movimento. Defensiva, nunca. Se me encherem o saco vou dizer que sou contra o Brasil sediar uma Copa do Mundo. Tinha que sediar mais umas duas. Copa do Mundo ajuda a acumular forças contra o rentismo, desvia grana da banca para a produção, faz o povo feliz e coloca meu país diante dos olhos do mundo. Como ser contra a copa no Brasil?