Álvaro Cunhal: por dentro da Revolução de Abril
O Prefácio ao V Tomo das Obras Escolhidas do destacado líder comunista Álvaro Cunhal, que segue, foi elaborado pelo distinto camarada Francisco Melo, do CC do PCP e editor responsável da “Avante!”.
Publicado 01/08/2014 17:09
O Prefácio termina por ser uma ótima síntese dos episódios deflagrantes da épica Revolução de Abril de 1974 e seus impasses, marchas e contramarchas. Melo, desde Cunhal, sublinha entre outras questões fundamentais: a) o caráter particular das alianças e sentido da revolução portuguesa, envolvendo o movimento democrático anti-monopolista das camadas da pequena e média burguesias a que pertenciam oficiais patriotas do MFA (Movimento das Forças Armadas), aliados ao movimento operário-popular, anti-latifundiário e pelas liberdades; b) a resistência baseada nessa aliança às tentativas dois golpes de estado julho de 1974 e setembro de 1974 e março de 1975, juntos ao PCP capazes de levar adiante uma reforma agrária (com participação maciça dos assalariados rurais) e o controle operário; c) a capacidade ainda da revolução enfrentar a sabotagem econômica (fuga ao estrangeiro, insolvências/falências/desvios de fundos, fechamento de empresas, destruição/retirada de máquinas e equipamentos, esgotamento de stoks, cancelamento de encomendas, fraudes etc.); d) a experiência das nacionalizações dos setores básicos da economia e a formação de um impulso de consciência operária pela possibilidade do socialismo; e) a luta contra a traição do PS de Mario Soares aliando-se à direita, aos fascistas e à esquerda provocadora ou a “apologista das ações espontâneas”, a divisão forjada nas forças armadas revolucionárias (inclusive com facção ultra-esquerdista), a intenda pressão sobre o governo provisório – foram vários – do general Vasco Gonçalves; f) as tentativas do PCP em solucionar impasses, de busca da unidade, de evitar a guerra civil, enquanto o conspirador Mario Soares “justificou” assaltos e destruição de Centros de Trabalho do PCP (verão de 1975) “por organizações terroristas como o ELP, MDLP e Maria da Fonte”; g) a aliança da CEE com a direita e o PS para derrotara a revolução, as reflexões autocríticas de Cunhal (sobre a subestimação das forças da contrarrevolução), até o golpe contrarrevolucionário de novembro de 1975.
Muito instrutivo, o Prefácio de Melo a Cunhal cobre o período 1974-Dezembro de 1975.
Recomendo a leitura atenta. Leia a integra abaixo: