A contra-ofensiva da frente democrática

Após os dias de digestão e reflexão das campanhas, apoios políticos e dos embates digitais, Lula imediatamente foi para a rua, decisão acertada para não deixar a militância esfriar

Foto: Ricardo Stuckert

Após o primeiro turno das eleições nacionais o campo progressista demorou para digerir a votação expressiva em Bolsonaro na urna, mesmo que Lula tenha saído com 48,64% dos votos válidos e 6 milhões de votos de frente do segundo colocado, surpreendeu o fascista ter tido 43% dos votos válidos.

Fato que se somou a essa demonstração de resiliência do bolsonarismo foi a eleição de senadores e governadores com apoio de Bolsonaro e a votação proporcional para a Câmara Federal que fez do PL, partido que abrigou o ex-capitão, aumentar a sua bancada para 99 deputados.

Nem todos os 99 parlamentares do Partido Liberal são bolsonaristas por convicção ideológica, mas se Bolsonaro em 2018 elegeu 52 no PSL, é de se preocupar que o partido pelo qual disputou em 2022 saia com a maior bancada do parlamento.

Tal resultado acendeu um sinal de alerta para o campo progressista e para os democratas, principalmente porque partidos tradicionais de centro e centro direita observaram mais uma vez o seu espaço diminuir para a extrema-direita, enquanto na esquerda a superestima ou a negação da realidade parecia jogar um balde de água fria naqueles que tinham certeza que a eleição se decidiria em turno único.

Após três dias de articulações políticas, Bolsonaro arrebatou apoios no sudeste, daqueles já convertidos como Zema, Castro e Garcia, enquanto Lula fez a costura mais importante e garantiu apoio formal do PDT, de Ciro Gomes, mesmo envergonhado, do Cidadania, além de Simone Tebet (MDB), terceira colocada no pleito com 4% dos votos e vários tucanos da velha guarda como FHC, Tasso Jereissati e José Serra.

Leia também: Após declarar voto em Lula, Fernanda Montenegro é atacada nas redes

Tebet ao anunciar voto em Lula reafirmou que vê no petista o compromisso com a democracia, coisa que não enxerga no fascista que hoje ocupa a Presidência. A senadora ainda fez questão de se apresentar em um ato político ao lado de Lula e se emocionou quando Lula descreveu a importância do seu papel nesse processo eleitoral, principalmente para as mulheres.

Passada as articulações, a campanha de Lula intensificou a presença nas redes sociais e na estratégia de comunicação digital tendo no deputado federal André Janones (Avante) o principal vetor.

Já era hora de atacar, ou melhor, contra-atacar.

Bolsonaro e sua fábrica de fake news retomou com tudo após o primeiro turno, tentando viralizar conteúdos sobre questões morais e religiosas sobre Lula.

Janones conseguiu pautar o debate ao resgatar vídeo de Bolsonaro dentro de uma loja maçônica, postura repudiada pelos evangélicos, um público altamente vinculado a audiência bolsonarista.

A história do Maçonaro furou a bolha e obrigou as redes bolsonaristas a adotar uma defensiva para barrar a narrativa de que Bolsonaro é satanista e compactua com rituais maçônicos nada cristãos.

Além disso, foi veiculado na televisão, na propaganda eleitoral, trecho de entrevista de Bolsonaro onde o próprio fascista diz para o jornal norte-americano The New York Times, que poderia comer a carne de um índio sem o menor problema, explicitando o nível do seu instinto e do horror que passa por sua cabeça.

Tudo isso acertou em cheio e baqueou o principal campo de campanha de Bolsonaro: a comunicação.

Leia também: Campanha de Lula aponta contradições nas propostas de Bolsonaro: ‘promessas falsas’

A batalha nas redes tem que ser de guerrilha, apesar de não ser um campo que a esquerda domina, é necessário travar os debates para recuar as mentiras e fake news e “açoitar o gado” como diz Janones.

Após os dias de digestão e reflexão das campanhas, apoios políticos e dos embates digitais, Lula imediatamente foi para a rua, decisão acertada para não deixar a militância esfriar, mostrar acúmulo e volume de campanha.

Foram três agendas em São Paulo, sendo caminhada em São Bernardo dos Campos com os metalúrgicos do ABC, Guarulhos e Campinas. Além de alavancar a campanha de Lula, é preciso impulsionar Haddad que enfrenta o bolsonarista Tarcísio no 2° turno no Estado.

Já no domingo, (09/10), Lula pisou em Belo Horizonte para arrastar uma multidão pelas ruas. Apesar de Minas não estar no litoral, um mar de gente se abriu nas ruas da região centro-sul para a passagem do Brasil da Esperança. Lula discursou para milhares de pessoas em um carro de som e disse, dentre outras coisas, que mesmo que Zema, governador eleito, tenha apoiado Bolsonaro, o povo sabe quem já fez e pode fazer ainda mais por Minas Gerais.

As imagens do ato político de Lula em Belho Horizonte inundaram as redes e mostraram a força de Lula nas ruas em uma crescente da campanha, deixando os bolsonaristas completamente desnorteados.

A campanha de Lula definitivamente retomou a ofensiva da frente democrática contra o fascismo tendo Lula o grande mobilizador e líder político desse processo. O momento agora é de ampliar ainda mais o arco de alianças políticas em torno da candidatura de Lula, atrair os democratas e todos aqueles que rejeitam o fascismo.

Não se trata de uma eleição comum, é preciso entender o uso indiscriminado da máquina pública pelo atual Presidente, todo o dinheiro que foi despejado para maquiar o seu desgoverno e a manipulação eleitoreira dos preços dos combustíveis.

Leia também: Lula encontra Derrubando Muros e outros representantes da sociedade civil

A inflação de Bolsonaro corrói a renda do trabalhador e da trabalhadora e das pessoas que mais necessitam. Todo dia uma família deixa de adquirir itens da cesta básica ou ficam endividadas por sobrar mês e faltar salário. Acumulam-se crianças nas ruas, em sinais, dentro dos ônibus vendendo balas para tentar sobreviver. Esse é o retrato de um governo feito para os ricos. O fascismo é o inimigo número um do povo.

Com as intenções cada vez mais explícitas de Bolsonaro em subverter o regime democrático em uma autocracia, inclusive ameaçando alterar a composição do STF caso eleito, é preciso barra-lo nas urnas no segundo turno com uma margem ampla de diferença.

Vencer o fascismo é tarefa urgente e histórica da nossa geração!

Manter a mobilização nas ruas e nas redes e fazer campanha em todos os lugares até o dia 30 de outubro!

Vamos com Lula 13 Presidente do Brasil!

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor