É real o perigo de provocações do imperialismo, que possam ser usadas para tentar justificar uma aventura militar de consequências imprevisíveis.
Inebriados pela vitória de há 30 anos, a superpotência imperialista e seus vassalos da Otan, UE e Israel, lançaram-se numa orgia de guerras, ferozes ofensivas contra trabalhadores e povos e acumulação de obscenas riquezas.
Vagas de refugiados é coisa que não falta. No Mediterrâneo, nas fronteiras EUA/México, Turquia/Grécia e até França/Inglaterra. Milhões de refugiados nem chegam aos centros imperiais-midiáticos. Ficam nos países vizinhos das tragédias humanitárias causadas pelas guerras EUA/OTAN/UE, como sejam o Irã, Líbano, Turquia ou Paquistão. Mas quem ouvir a comunicação social pensará que se passa algo diferente na fronteira Polônia/Bielorrússia.
Que a superpotência imperialista está em decadência é evidente. O problema é de fundo e não é exclusivo dos EUA. O capitalismo enquanto sistema atingiu os seus limites. Em vez de criar, destrói. Entrou em autofagia, na tentativa de obter lucros que escasseiam na atividade produtiva. O apagão no Texas, em meados de fevereiro, é disso elucidativo.
A pandemia faz estragos, mas o imperialismo não dá tréguas. O primeiro Diretor-Geral da Organização para a Proibição das Armas Químicas, OPAQ, foi impedido de testemunhar no Conselho de Segurança da ONU por EUA, Inglaterra e França (abrilabril.pt, 15.10.20).
Enquanto os EUA se afundam na crise do Covid-19 e o seu povo se insurge nas ruas contra décadas de crescente miséria, violência policial sem limites e discriminação racial, a política externa de Trump procura a todo o custo um conflito de grandes proporções para travar o declínio dos EUA.
O coronavírus COVID-19 vai ser culpado dos males do mundo e talvez venha a justificar (Financial Times, 6.3.20) “empréstimos baratos aos bancos […e] uma injeção coordenada de liquidez no sistema bancário” (não deveria ser nos Sistemas Nacionais de Saúde?). Mas outro vírus, muito mais perigoso e mortal, está a alastrar: o vírus do belicismo imperialista, que ameaça a sobrevivência da Humanidade.