Reta final: Acordo Mercosul-UE tem cúpula em Montevidéu com Ursula von der Leyen

Presença da presidente da Comissão Europeia em Montevidéu reforça expectativas de que o anúncio do pacto seja iminente.

Lula com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em imagem de 2023 — Foto: Ricardo Stuckert/PR

A conclusão do histórico acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) parece mais próxima do que nunca. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chegou à América Latina nesta quinta-feira (5), para participar da cúpula do Mercosul em Montevidéu, Uruguai, reforçando expectativas de que o anúncio do pacto seja iminente.

“Pousamos na América Latina. A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista. Vamos trabalhar, vamos atravessá-la. Temos a oportunidade de criar um mercado de 700 milhões de pessoas”, escreveu Von der Leyen na rede social X, horas antes de uma reunião com líderes do bloco sul-americano.

Maior zona de livre comércio do mundo

O tratado, que vem sendo negociado há mais de 25 anos, pretende criar a maior zona de livre comércio do mundo, envolvendo 27 países da UE e os quatro membros fundadores do Mercosul — Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Após um acordo de princípio firmado em 2019, as negociações enfrentaram uma longa paralisação, mas foram retomadas recentemente sob pressão da Comissão Europeia.

Resistências francesas

Apesar do otimismo, a França se mantém como um dos principais obstáculos ao avanço do acordo. O presidente Emmanuel Macron reiterou que o pacto é “inaceitável em seu estado atual” e destacou a necessidade de proteger a soberania agrícola do país. A oposição francesa reflete o temor de que os produtos do Mercosul, especialmente agrícolas, prejudiquem os produtores europeus.

Em resposta às preocupações, Von der Leyen tem defendido que o acordo contemple compromissos ambientais e padrões elevados de sustentabilidade. No entanto, analistas apontam que superar as objeções da França pode exigir negociações adicionais.

Mudanças no Mercosul e apoio político

Pelo lado do Mercosul, os líderes de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai sinalizaram disposição para concluir o acordo. O presidente argentino, Javier Milei, inicialmente contrário ao tratado, mudou de posição, facilitando o consenso dentro do bloco.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que também participará da cúpula, tem demonstrado confiança de que o pacto será fechado. Fontes do governo brasileiro destacaram que as questões técnicas foram superadas e que a assinatura depende agora de decisões políticas.

“O fato de Ursula von der Leyen ter vindo a Montevidéu é um indicativo claro de que estamos muito próximos de um desfecho positivo”, comentou um alto funcionário do Itamaraty.

Caso o acordo seja assinado, ele ainda precisará passar por um complexo processo de ratificação. No Mercosul, os congressos nacionais de cada país devem aprová-lo. Na União Europeia, o pacto será submetido ao Conselho Europeu, formado pelos chefes de Estado dos 27 países, e ao Parlamento Europeu, com 720 membros.

Cúpula decisiva

A cúpula do Mercosul, que reúne os presidentes dos quatro países-membros entre esta sexta-feira (6) e sábado (7), promete ser um marco para a integração econômica global. O ministro uruguaio das Relações Exteriores, Omar Paganini, afirmou que todos os países do Mercosul apoiam o acordo e que ele será fechado durante o encontro.

A expectativa é alta, e a presença de Von der Leyen em Montevidéu reforça a esperança de que o longo processo de negociação esteja finalmente chegando ao fim, abrindo caminho para uma nova era de cooperação econômica entre os dois blocos.

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