O sombrio DNA do terror: raízes históricas da violência política no Brasil contemporâneo
“Os ecos desse passado obscuro nos alcançam no presente: a intolerância à democracia é um traço que ainda resiste, sustentado e defendido por uma minoria reacionária.”
Publicado 14/11/2024 12:37
Nos recentes acontecimentos em Brasília, testemunhamos um ato extremo que culminou em um ataque terrorista, resultando na trágica morte do próprio autor do ato. Este evento não é isolado, mas uma expressão latente do clima de radicalização que assola a política brasileira, um clima inflamado por ideologias de extrema direita e seus líderes intelectuais. Este fenômeno é, em essência, uma repetição da história. Desde os anos 1930, a narrativa de um “perigo comunista” tem sido usada como justificativa para golpes, atos de violência e radicalizações conservadoras.
As influências ideológicas que movem atos como este têm raízes profundas. O pensamento radical, advindo do “olavismo” e do bolsonarismo, cria uma paranoia coletiva, onde o Brasil é visto como um país sob constante ameaça de um “governo comunista”. Essa visão conspiratória aciona as mentes mais vulneráveis, incitando indivíduos a atitudes extremas e perigosas. O recente ataque reflete esse processo e reitera o impacto da propaganda extremista em mentes já fragilizadas.
A retórica do ódio e do medo não é nova, tampouco as táticas violentas. O Brasil dos anos 1970 viveu uma série de atentados promovidos por setores militares inconformados com a abertura política. Explosões em bancas de jornais, atentados em eventos públicos e até bombas enviadas à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ilustraram os extremos aos quais esses grupos recorreram para impor suas ideologias. Os ecos desse passado obscuro nos alcançam no presente: a intolerância à democracia é um traço que ainda resiste, sustentado e defendido por uma minoria reacionária.
O que vimos em 08 de janeiro de 2023, com os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto, é a face atualizada desse mesmo instinto golpista. As bombas de então, as teorias conspiratórias e o clima de radicalização revelam um segmento da sociedade que ainda rejeita a ordem democrática. E, como em outras épocas, as perguntas que ecoam nos corredores da justiça se repetem: este último ato foi individual ou parte de uma rede mais ampla? Houve financiamento? E, mais importante, o que podemos fazer para que esse ciclo de violência seja, finalmente, rompido?
O momento exige calma e reflexão. Que este triste episódio, em meio à iminência de grandes eventos internacionais como a reunião do G20, sirva como um alerta para todos: a democracia brasileira precisa ser defendida, não apenas nas ruas e nas urnas, mas também no combate cotidiano contra as forças que desejam seu fim.