Abstenção é o principal fenômeno das eleições 2024
Em todo o Brasil, 29,26% dos eleitores se abstiveram no segundo turno
Publicado 28/10/2024 16:30 | Editado 29/10/2024 13:13
“Nosso povo mandou um recado para o Brasil inteiro: política, sim – mas com resultado, sim”, declarou o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), neste domingo (27), logo após ter sido reeleito no segundo turno. Conforme a divulgação oficial do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Nunes foi proclamado vencedor por ter recebido 59,35% dos votos válidos, contra os 40,65% conquistados por seu adversário no segundo turno, Guilherme Boulos (PSOL).
À primeira vista, a reeleição pode parecer um sinal inequívoco do apoio do eleitorado paulistano à sua candidatura. Este teria sido o tal “recado” a que o prefeito se referiu em seu discurso atabalhoado e gaguejante. Mas não foi bem assim. Dos 9,3 milhões de eleitores aptos a votarem, apenas 3,3 milhões foram às urnas e escolheram Nunes.
Um número ainda maior de pessoas (pouco mais de 3,6 milhões) optou pelo chamado “não voto”. É a soma dos que não compareceram às urnas (2,9 milhões) com os que votaram em branco (234 mil) ou anularam o voto (430 mil). A taxa de abstenção na capital paulista, de 31,54%, superou até o índice registrado nas eleições 2020, sob a pandemia de Covid-19. Há quatro anos, houve 30,81% de ausentes.
São Paulo não foi exceção. Em todo o Brasil, 29,26% dos eleitores se abstiveram no segundo turno. Quase 10 milhões de brasileiros renunciaram ao direito de votar – ou, precisamente, 9.947.061 eleitores. Esperava-se que a taxa nacional fosse sensivelmente menor que a de 2020, de 29,47%. Afinal, a crise sanitária é coisa do passado.
Mas três em cada dez eleitores faltaram à votação desde domingo, o que pode ser considerado o principal fenômeno das eleições 2024. O número já havia sido elevado no primeiro turno, disputado em 5.569 municípios. No segundo, mesmo no contexto de 52 cidades médias e grandes, o índice de ausência permaneceu marcante.
Em Belo Horizonte (MG), a taxa de abstenção chegou a 31,95%. Dos 1.992.984 de eleitores da capital mineira, 636.752 não votaram. O índice de ausentes foi ainda maior em Porto Alegre (34,83%) e Goiânia (34,20%).
“Não podemos ter essa ausência. Isso é algo que precisa de esclarecimento, de realce, de educação, de afirmação de cidadania”, afirmou o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), Ramom Tácio de Oliveira.
Em pronunciamento à imprensa, a presidenta do TSE, ministra Cármen Lúcia, preferiu destacar a baixa incidência de problemas durante a votação. “Foi uma eleição – como devem ser todas as eleições – em um clima de tranquilidade, de absoluto respeito às pessoas, com pouquíssimas ocorrências”, afirmou.
“Demos o resultado de uma eleição de 33 milhões de eleitoras e eleitores nas urnas em duas horas e 15 minutos após o fechamento das eleições em 51 municípios. Convenhamos que é uma justiça que funciona muito bem”, agregou a ministra