Comunidade internacional critica Israel por ataque à base da ONU no Líbano
Soldados da Unifil, os “capacetes azuis”, foram atingidos. Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Conselho de Segurança da ONU condenaram as agressões à missão de paz
Publicado 15/10/2024 12:55 | Editado 15/10/2024 16:58
O Exército de Israel mantém a jornada de ataques genocidas em flagrante desrespeito ao direito internacional humanitário e aos apelos de diversas nações por um cessar fogo. Após massacrar o povo palestino em Gaza – situação que ainda perdura com novos bombardeios -, o avanço sobre o território do Líbano com o pretexto de atacar o Hezbollah tem causado apreensão na comunidade global, ainda mais depois das agressões contra os soldados da missão de paz da ONU, os capacetes azuis da Unifil (em português Finul, Força Interina das Nações Unidas no Líbano).
Ao invadir a base dos soldados de paz à força, o Exército israelense provocou uma reação imediata de diversos países. Os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, Reino Unido, França e Itália, publicaram uma declaração conjunta, na segunda-feira (14), em que demonstram preocupação e pedem para que os ataques aos capacetes azuis sejam interrompidos imediatamente.
A nota lembra que atacar a Unifil vai contra a Resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que estabelece a Linha Azul criada para trazer resolução para a Guerra do Líbano e onde os soldados de diversas nacionalidades permanecem para a estabilidade da região.
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Ainda que demonstrem preocupação, uma vez que possuem soldados na missão, estes países devem fazer uma avaliação mais aprofundada, pois, ao mesmo tempo que pedem para que as bases da ONU não sejam atacadas, Alemanha, Itália e Reino Unido, tem apoiado a guerra israelense e mantido o envio de armas, ainda que indiquem uma redução.
O governo francês afirmou que não fornece armamentos a Israel e pediu que outras nações também sigam este caminho. Apesar disso, ONGs francesas demonstram que componentes que podem ser utilizados para a fabricação de instrumentos de guerra continuam sendo vendidos aos israelenses.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas também emitiu declaração, adotada pelos 15 membros em consenso, em que pede proteção às instalações da missão da ONU e respeito a resolução 1701.
O Brasil já havia manifestado repúdio aos ataques em nota emitida pelo Ministério das Relações Exteriores.
Atentado contra a paz
A Unifil mantém 10.058 soldados de várias nacionalidades no Sul do Líbano em 29 bases para a manutenção da estabilidade da região. No entanto, a missão da ONU sofreu um abalado com explosões próximas a uma de suas bases que foi invadida à força por dois tanques israelenses no último final de semana.
Este atentado pode ser interpretado como uma ameaça do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Ele nega publicamente a invasão, porém pede para que os capacetes azuis deixem a região. A intenção dele é atacar a localidade sem “olhares internacionais” para possíveis crimes de guerra.
O ocorrido não foi o suficiente para afugentar os soldados. De acordo com o subsecretário-geral das Operações de Manutenção de Paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, a missão de paz continuará no Sul do Líbano, conforme estabelecido pelo Conselho de Segurança da ONU, em ação confirmada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
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Este pode ser considerado mais um episódio de Netanyahu contra a comunidade internacional. O premiê já mirou sua artilharia contra Guterres, a quem pede para retirar os soldados do Líbano.
No início de outubro seu governo chegou a declarar o secretário-geral persona non grata e informou que a sua entrada em Israel está proibida.
Em declaração à jornalistas, Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, ressaltou que os ataques contra a missão de paz da ONU por Israel “violam o direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário, e podem constituir crimes de guerra”.
*Com informações de agências internacionais