Queimadas destroem no país 11 milhões de hectares em oito meses de 2024
A Amazônia foi o bioma que mais queimou no mesmo período, um total de 5 milhões de hectares, 87% a mais do que no ano passado
Publicado 27/09/2024 12:57 | Editado 30/09/2024 08:15
Considerado um aumento explosivo, o Brasil queimou este ano, no período entre janeiro e agosto, 11 milhões de hectares de florestas, um aumento de 116% em relação ao mesmo período do ano passado.
A Amazônia foi o bioma que mais queimou no mesmo período, um total de 5 milhões de hectares, 87% a mais do que no ano passado.
Na região, um dado preocupante são os avanços das queimadas em terras indígenas (24%), florestas públicas não destinadas (16%), imóveis rurais grandes (14%) e unidades de conservação (11%).
A área queimada nas terras indígenas de todo o país passou de 1,7 milhão de hectares em 2023 para 3 milhões de hectares em 2024, representando um crescimento de 1,3 milhão de hectares.
Nas florestas públicas não destinadas, este ano, houve um aumento acentuado, alcançando aproximadamente 870 mil hectares.
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As unidades de conservação, que deveriam servir como barreiras contra o avanço do fogo, também registraram um aumento significativo na área queimada, ultrapassando 1,1 milhão de hectares queimados de janeiro a agosto de 2024
“Esse cenário é provavelmente causado pela expansão ilegal de atividades agropecuárias e madeireiras, grilagem de terras, avanço do garimpo e queimadas descontroladas e uso criminoso do fogo”, diz a nota técnica do “Fogo no Brasil em 2024: o retrato fundiário da área queimada nos biomas”, produzida por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
A entidade, junto com outras organizações que compõem a Rede MapBiomas, diz que os dados sobre a Amazônia indicam forte pressão nas áreas públicas protegidas formalmente, bem como sobre aquelas ainda em processo de destinação.
“Na Amazônia, o desmatamento e a expansão agropecuária impulsionam um ciclo de queimadas. No Cerrado e Pantanal, o uso do fogo está muitas vezes ligado ao manejo de pastagens, inclusive as naturais, enquanto a Caatinga e a Mata Atlântica sofrem com incêndios de origem acidental ou decorrentes de práticas agropecuárias de pequena escala”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam.
Confira o problema nos demais biomas:
Cerrado – Com 4 milhões de hectares queimados no período analisado em 2024, observa-se um predomínio de áreas queimadas em terras indígenas (40%), seguido por imóveis rurais grandes (26%), unidades de Conservação (10%), e imóveis Rurais Pequenos (10%). A área queimada no bioma reflete o uso extensivo do fogo em grandes propriedades, muitas vezes relacionado ao manejo agropecuário, incluindo o manejo do fogo em pastagens nativas, o que pressiona os ecossistemas já fragilizados pela atividade humana, dependendo da forma e do período em que acontece.
Pantanal – Registrou 1,2 milhão de hectares queimados de janeiro a agosto de 2024, sendo a maior parte em imóveis rurais grandes (74%). As unidades de conservação concentraram 14% da área queimada, enquanto os imóveis rurais pequenos representaram 4%. O uso predominante do fogo em grandes propriedades no Pantanal está associado ao manejo de pastagens e à pecuária extensiva também prioritariamente em pastagens nativas, frequentemente afetando áreas de conservação.
Caatinga – O bioma teve 51 mil hectares queimados no intervalo, a área se distribui de forma equilibrada entre imóveis rurais grandes (21%), imóveis rurais médios (21%) e imóveis rurais pequenos (18%), com Assentamentos Rurais correspondendo a 8% das áreas queimadas. Esse padrão sugere um uso variado do fogo em propriedades rurais de diferentes portes, refletindo tanto práticas agrícolas quanto o manejo de pequenas propriedades familiares.
Mata Atlântica – Com 615.195 hectares queimados, apresentou uma grande área queimada em imóveis rurais grandes (33%) e médios (22%), além de uma significativa proporção em imóveis rurais pequenos (20%) e unidades de conservação (15%). A distribuição da área queimada é mais diversificada entre as categorias fundiárias, evidenciando pressões sobre propriedades rurais e áreas de conservação em um bioma já fortemente fragmentado.
Pampa – Registrou 2.701 hectares queimados no período, com a maior parte da área concentrada em Imóveis rurais grandes (35%) e outras terras (34%), que engloba áreas militares e áreas sem informação cadastral, seguido por imóveis rurais médios (18%) e imóveis rurais pequenos (18%). A distribuição equilibrada entre grandes e pequenas propriedades indica o uso do fogo em diferentes escalas de produção rural, muitas vezes para renovação de pastagens e atividades agropecuárias.