Escritório da Al Jazeera é invadida por militares de Israel

O veículo rechaçou a medida em um comunicado, no qual “condena e denuncia com veemência esse ato criminoso”. Grupos de defesa da liberdade de imprensa também condenaram a ação

Foto: Reprodução/ Al Jazeera

A emissora catari Al Jazeera classificou, neste domingo (22), como “criminosa” a invasão de tropas israelenses aos escritórios da rede de notícias na Cisjordânia, ocupada por Israel. A operação resultou na emissão de uma ordem de fechamento das dependências do canal por 45 dias. 

Em um comunicado divulgado após o incidente, a Al-Jazeera afirmou que “condena e denuncia veementemente este ato criminoso”, destacando que não se deixará “intimidar ou dissuadir pelos esforços para silenciar sua cobertura”.

“O ataque ao escritório e a apreensão de nossos equipamentos não é apenas um ataque à Al Jazeera, mas sim uma afronta à liberdade de imprensa e aos princípios próprios do jornalismo”, diz a nota.

“Nas primeiras horas da manhã de domingo, as forças de ocupação israelenses invadiram o escritório da Rede de Mídia Al Jazeera em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, e ordenaram seu fechamento imediato. Esta ação segue a decisão do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em maio de 2024 de encerrar as operações da Al Jazeera dentro de Israel”, diz a nota.

“A Rede condena veementemente e denuncia este ato criminoso das forças de ocupação israelenses. A Al Jazeera rejeita as ações draconianas e as alegações infundadas apresentadas pelas autoridades israelenses para justificar essas invasões ilegais. A Al Jazeera reafirma seu compromisso inabalável de continuar relatando sobre a guerra em Gaza, a ocupação contínua dos territórios palestinos e a escalada regional”, prossegue a nota.

“A invasão ao escritório e a apreensão de nosso equipamento não são apenas um ataque à Al Jazeera, mas um afronta à liberdade de imprensa e aos próprios princípios do jornalismo”, criticou a emissora.

Para a Al Jazeera, as medidas opressivas têm como objetivo “impedir que o mundo testemunhe a realidade da situação nos territórios ocupados e a guerra em Gaza, bem como o impacto devastador sobre civis inocentes”.

Grupos de defesa da liberdade de imprensa e ativistas dos direitos humanos condenaram o encerramento forçado do escritório da Al Jazeera em Ramallah. Num comunicado, o Comité para a Proteção dos Jornalistas disse estar “profundamente alarmado” com o ataque.

“Os esforços de Israel para censurar a Al Jazeera minam gravemente o direito do público à informação sobre uma guerra que destruiu tantas vidas na região”, afirmou o grupo. “Os jornalistas da Al Jazeera têm o direito de reportar neste momento crítico, e sempre.”

A organzição Repórteres Sem Fronteiras (RSF) disse que “denuncia o ataque implacável de Israel” à Al Jazeera. A RSF já havia pedido a revogação de uma lei israelense que permite ao governo fechar a mídia estrangeira em Israel, “visando o canal Al Jazeera”.

O governo de extrema direita de Israel, liderado pela coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, tem deflagrado um clima de tensão em um conflito que tem sido ampliado para todo o Oriente Médio.

Além da Cisjordânia, nos últimos dias o exército de Israel atuou com muita violência no Líbano, onde mais de 180 pessoas morreram nesta segunda (23) após o maior ataque aéreo no país ao norte do Estado judeu desde o início da guerra, em 7 de outubro do ano passado.

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