Incêndios ameaçam Pantanal e Brasil envia 62 bombeiros à Bolívia
Força-tarefa busca conter avanço das chamas que ameaçam a Serra do Amolar e populações tradicionais; Bolívia decreta emergência nacional
Publicado 08/09/2024 16:48 | Editado 09/09/2024 19:15
O Brasil enviou uma missão humanitária composta por 62 bombeiros para ajudar a combater os incêndios florestais na faixa de fronteira com a Bolívia. A força-tarefa, formada por 37 militares da Força Nacional de Segurança Pública e 25 agentes do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, começou a atuar na última quinta-feira (5) para evitar que o fogo, que ameaça o Pantanal, avance para o território brasileiro.
Coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) e com apoio do Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP), a operação trabalha em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O uso de sobrevoos e análises de mapas satelitais está previsto para monitorar focos de incêndio na fronteira com os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nos últimos dias, foram registrados 112 incêndios no Pantanal, sendo que 18 ainda permanecem ativos.
Bolívia decreta emergência nacional
Diante da gravidade dos incêndios, a Bolívia declarou emergência nacional no sábado (7). Segundo o governo boliviano, amedida “permitirá ter um apoio mais ágil e eficaz de países amigos e da cooperação internacional”. Este ano, as queimadas no país já atingiram a maior área desde 2010, com cerca de 3 milhões de hectares destruídos pelo fogo, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Equipes locais, sobrecarregadas pela demanda, enfrentam dificuldades em conter os incêndios, com relatos de voluntários indígenas que tiveram que abandonar suas terras sem sucesso no combate às chamas. A missão brasileira será baseada na cidade boliviana de San Ignacio de Velasco, a cerca de 315 km da fronteira com o Brasil, na região de Santa Cruz, onde a situação é considerada crítica.
As autoridades bolivianas e brasileiras trabalham juntas para evitar que os incêndios avancem para o território brasileiro. No Mato Grosso do Sul, um incêndio de grandes proporções avança em direção à Serra do Amolar, ameaçando a região do Pantanal. Com mais de 60 km de extensão, a frente de fogo é impulsionada pelas condições climáticas adversas, como seca severa e ventos fortes.
Incêndios no Brasil
A crise dos incêndios também se agrava no Brasil. De acordo com o sistema BDQueimadas, do Inpe, o país registrou 3.640 focos de incêndio neste domingo (8), sendo que a Amazônia concentra a maior parte dos casos, com 1.847 ocorrências. O Mato Grosso lidera em números absolutos, com 1.893 focos registrados em apenas 24 horas, seguido pelo Pará e Amazonas.
O Brasil encerrou agosto com o pior número de queimadas em 14 anos, totalizando 68.635 focos. O aumento é de 144% em relação ao mesmo período do ano anterior. A seca histórica, considerada a mais severa dos últimos 44 anos, contribui para o agravamento das queimadas, que já ameaçam cidades inteiras no país.
__
com MRE e agências