Com 212,6 milhões de habitantes, Brasil enfrentará declínio a partir de 2041
Estimativas do IBGE apontam para um pico de 220,4 milhões antes de iniciar uma queda, podendo chegar a 199,2 milhões de habitantes até 2070; taxa de fecundidade é a menor da história
Publicado 29/08/2024 14:32 | Editado 29/08/2024 14:33
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (29) as estimativas populacionais dos 5.570 municípios brasileiros, com dados de referência de 1º de julho de 2024, revelando que o Brasil atingiu 212,6 milhões de habitantes. Este levantamento, além de servir como base para o cálculo do Fundo de Participação de Estados e Municípios pelo Tribunal de Contas da União (TCU), também é essencial para a formulação de indicadores sociais, econômicos e demográficos.
Brasil tem 15 cidades com mais de 1 milhão de habitantes
O estudo mostra que o Brasil possui 15 municípios com mais de 1 milhão de habitantes, 13 dos quais são capitais. Estas cidades concentram 42,7 milhões de pessoas, representando 20,1% da população total do país. São Paulo segue como a cidade mais populosa, com 11,9 milhões de habitantes, seguida por Rio de Janeiro (6,7 milhões) e Brasília (3 milhões). Completam o ranking dos cinco municípios mais populoso Fortaleza (2,6 milhões) e Salvador (2, 6 milhões).
De acordo com o IBGE, “Guarulhos e Campinas, ambos em São Paulo, são os únicos não-capitais que aparecem na lista, com 1,3 milhão e 1,2 milhão, respectivamente. Eles também são os municípios mais populosos entre os 26 municípios com mais de 500 mil habitantes que não são capitais. São Gonçalo (RJ) é o terceiro, com 961 mil.”
O estudo do IBGE também revelou uma distribuição concentrada da população brasileira em grandes cidades. Cerca de 65,7 milhões de pessoas, ou 30,9% do total, vivem em 48 municípios com mais de 500 mil habitantes, representando apenas 0,9% do total de municípios brasileiros. Além disso, 27,3% da população, equivalente a 58 milhões de pessoas, reside em 339 municípios que têm entre 100 mil e 500 mil habitantes. Esse grupo de municípios representa 6,1% do total no Brasil.
Na outra ponta, os municípios menos populosos, com até 5 mil habitantes, somam 1.288, representando 23,1% do total de municípios, mas abrigando apenas 2% da população brasileira, cerca de 4,3 milhões de pessoas.
Estes números refletem a concentração populacional em grandes centros urbanos, fenômeno que se mantém mesmo com a desaceleração do crescimento populacional nesses locais. Segundo Marcio Minamiguchi, gerente de Projeções e Estimativas Populacionais do IBGE, “embora atualmente os maiores centros urbanos já não apresentem o grande crescimento do passado, eles ainda possuem o peso demográfico que vem de um processo de concentração de algumas décadas”.
Estagnação e queda da população
As projeções demográficas do IBGE indicam que o Brasil atingirá seu pico populacional em 2041, com 220,4 milhões de habitantes. A partir desse ano, a população brasileira começará a diminuir, projetando-se para 199,2 milhões em 2070. Essa previsão está alinhada com a contínua redução da taxa de fecundidade, que passou de 2,32 filhos por mulher em 2000 para 1,57 em 2023.
Este indicador deve recuar ainda mais, chegando ao ponto mais baixo de 1,44 em 2040. “A redução da taxa de fecundidade vem desde os anos 1960, com a urbanização, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o aumento da escolaridade feminina, além da popularização da pílula anticoncepcional”, explica Izabel Marri, gerente de Estudos e Análises Demográficas do IBGE.
As projeções também apontam para uma desaceleração no número de nascimentos, que deve atingir um mínimo histórico de 1,4 milhão em 2070. Essa queda será mais acentuada em algumas regiões, como o Nordeste e o Norte do país. Izabel Marri ressalta que a pandemia de Covid-19 pode ter influenciado essa redução, mas ainda é cedo para determinar o impacto exato.
A demógrafa também chama a atenção para as desigualdades regionais que influenciarão o declínio populacional. “A migração entre unidades da federação é um fator muito importante nas dinâmicas populacionais. Alguns estados serão os primeiros a ver sua população diminuir, como Rio Grande do Sul e Alagoas em 2027, enquanto Mato Grosso deve ser o último, após 2070”, afirma Izabel.
Metodologia: a base para as estimativas populacionais
As estimativas de população do IBGE para os municípios brasileiros são fundamentadas em uma metodologia rigorosa que combina dados dos Censos Demográficos de 2010 e 2022 com projeções de crescimento populacional revisadas em 2024. O método de tendência de crescimento populacional, desenvolvido por Madeira e Simões em 1972, foi utilizado para calcular as estimativas com base na comparação da tendência de crescimento de áreas maiores com áreas menores.
Izabel Marri destaca a importância dessas projeções: “a principal importância das Projeções é informar qual é a população do país a cada ano, pois os censos demográficos ocorrem apenas a cada dez anos. Essa informação é fundamental para se elaborar políticas públicas voltadas para crianças, idosos ou para a força de trabalho”.
Os dados divulgados pelo IBGE sublinham a importância de políticas públicas adaptadas às mudanças demográficas. Com o crescimento populacional se desacelerando e uma população cada vez mais envelhecida, os desafios para o Brasil se multiplicam, exigindo novas estratégias para garantir o bem-estar social e econômico da população nas próximas décadas.
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com informações do IBGE