China expressa apoio ao Irã e defende soberania e estabilidade regional

Ministro de Relações Exteriores condenou assassinato de Haniyeh, e classificou como grave violação internacional e afronta à soberania do Irã

O presidente iraniano visitante Ebrahim Raisi, à esquerda, aperta a mão do presidente chinês Xi Jinping antes de seu encontro no Grande Salão do Povo em Pequim, em 14 de fevereiro de 2023. (Yan Yan/Xinhua)

Em um sinal de fortalecimento das relações sino-iranianas, o Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, reiterou o apoio do país à soberania, segurança e dignidade nacional do Irã durante uma ligação telefônica no domingo com o Ministro das Relações Exteriores iraniano em exercício, Ali Bagheri Kani. Wang enfatizou que a China está disposta a manter uma comunicação próxima com Teerã, em meio à crescente tensão no Oriente Médio.

Os dois líderes concentraram suas discussões na situação atual na região, com Bagheri apresentando a posição do Irã sobre o recente assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, ocorrido em Teerã, e expressando as preocupações de seu país com a estabilidade regional. “O Irã defenderá resolutamente sua soberania nacional, segurança e integridade territorial, enquanto mantém seu compromisso com a paz e a estabilidade regional”, afirmou Bagheri.

China condena assassinato e ato de violação da soberania

Durante a conversa, Wang condenou veementemente o assassinato de Haniyeh, classificando-o como uma grave violação das normas básicas das relações internacionais e uma afronta à soberania do Irã. Ele destacou que esse ato compromete diretamente o processo de negociação de um cessar-fogo em Gaza e impacta negativamente a paz e estabilidade na região.

“A China sempre defendeu a justiça nos assuntos do Oriente Médio e apoiou todos os países na proteção de seus direitos e interesses legítimos, especialmente no que diz respeito à restauração dos direitos nacionais legítimos dos palestinos”, disse Wang. Ele acrescentou que é imperativo que a comunidade internacional se una para pressionar pela implementação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e pela criação de condições para um cessar-fogo abrangente e permanente em Gaza o mais rápido possível.

Relações estratégicas sino-iranianas

A chamada entre Wang e Bagheri também reforçou a parceria estratégica entre China e Irã. Wang afirmou que a China, que vê o Irã como um parceiro estratégico abrangente, está comprometida em promover relações de longo prazo entre os dois países. Pequim se declarou pronta para fortalecer a cooperação com Teerã em vários campos, incluindo dentro do mecanismo BRICS, com o objetivo de aumentar a voz e a influência do Sul Global na governança internacional.

Bagheri, por sua vez, expressou a disposição do Irã em aprofundar a coordenação com a China em questões internacionais e regionais, buscando adicionar uma conotação estratégica ainda mais rica à relação bilateral. Ele também agradeceu à China por sua posição imparcial sobre o conflito palestino-israelense, manifestando esperança de que Pequim desempenhe um papel ainda mais ativo na promoção da paz e segurança no Oriente Médio.

Contexto regional e implicações futuras

A ligação entre os dois ministros ocorre em um momento de escalada das tensões no Oriente Médio, com o Irã sendo acusado de apoiar o Hamas em ataques contra Israel, o que aumentou os temores de um conflito mais amplo na região. O Irã já chegou a lançar mais de 350 drones e mísseis em direção a Israel, depois de um ataque israelense a sua embaixada na Síria, dos quais 99% foram interceptados pelas forças israelenses e seus aliados. Apesar do aumento das hostilidades, Wang elogiou a decisão do Irã de não mirar em países vizinhos, considerando essa postura como um esforço para evitar um conflito regional ainda maior.

A China, que recentemente realizou exercícios militares conjuntos com o Irã e continua a ser o maior cliente de petróleo iraniano, reafirma sua posição como um parceiro-chave para Teerã, desafiando as sanções dos EUA. Ao mesmo tempo, a Arábia Saudita, rival regional do Irã, forneceu inteligência crucial a Israel, marcando uma mudança significativa nas alianças do Oriente Médio.

A China, por sua vez, tem intensificado seus esforços como mediadora da paz na região, realizando reuniões com diversos líderes do Oriente Médio e promovendo diálogos entre facções palestinas rivais. Wang Yi reforçou que o Irã é uma peça fundamental na estratégia da China para manter a estabilidade no Oriente Médio, e as ações de Pequim nos próximos meses serão essenciais para o futuro da região.

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