Live de Musk com Trump tem dificuldades técnicas
Dono do X diz que live foi alvo de ciberataque, mas foi responsável pela demissão de boa parte do quadro de funcionários. Bilionários atacam Kamala e mentem sobre clima
Publicado 13/08/2024 11:41 | Editado 14/08/2024 13:05
Pensada para conter o avanço dos democratas nas pesquisas eleitorais para a corrida presidencial em novembro, a conversa entre o dono da rede social X (antigo Twitter) e o candidato republicano e ex-presidente Donald Trump, realizada na noite desta segunda (12), foi marcada por problemas técnicos e ataques a candidata adversária, Kamala Harris.
Musk planejava receber o indicado republicano para uma entrevista “Ao Vivo no X”, antigo Twitter Spaces”, mas a rede social apresentou falhas e muitos usuários não conseguiram participar do evento virtual.
“Parece haver um ataque DDoS massivo em X. Trabalhando para derrubá-lo. Na pior das hipóteses, prosseguiremos com um número menor de ouvintes ao vivo e postaremos a conversa mais tarde”, escreveu o bilionário sul-africano na sua conta pessoal.
A intenção de Elon Musk era oferecer ao ex-presidente uma oportunidade de ganhar destaque em um momento em que sua campanha é vista como em declínio. Sua adversária democrata para a eleição de 5 de novembro, a vice-presidente Kamala Harris, apagou a vantagem de Trump nas pesquisas de opinião e energizou os eleitores democratas com uma série de comícios nos estados-pêndulo.
Em meio às dificuldades do X, a campanha de Kamala provocou Trump na plataforma de mídia social dele, o Truth Social, republicando os comentários críticos que o ex-presidente fez depois que o anúncio da campanha de Ron DeSantis às primárias republicanas foi afetado por problemas técnicos semelhantes. Na ocasião, Trump qualificou tanto o X quanto DeSantis de “desastrosos”.
Com a live finalmente no ar, após 45 minutos de atraso, Trump teve o espaço que quis para repisar seus temas preferidos da campanha. Os imigrantes ilegais foram um de seus alvos favoritos, na primeira parte da conversa. Repetiu que não apenas países latinos passaram a enviar criminosos para os EUA, mas países da África, Oriente Médio, Ásia.
“Elon, o que acontece é inacreditável. Você tem [imigrantes vindos] da África, do Congo. Eles estão vindo do Congo e 22 pessoas dessas pessoas que vieram do Congo recentemente são assassinos”, disse Trump.
Ele continuou afirmando que “eles” – sem especificar quem exatamente poderiam ser – “os tiram das cadeias, prisões e os trazem para os EUA. Eles os depositam nos EUA e dizem, ‘nunca mais volte, ou você será executado'”.
Juntos, Trump e Musk desfiaram críticas e questionamentos sobre a capacidade de Kamala de governar e mesmo sobre sua capacidade de sustentar um diálogo como o deles.
“Kamala nunca teria essa conversa. Ela não é inteligente”, disse Trump. “Biden também não teria essa conversa” Musk repetiu como um fã: “Com Biden e Kamala não seria possível”.
A retórica mentirosa de Trump sobre as mudanças climáticas também foi abordada na conversa entre os bilionários. “A maior ameaça não é o aquecimento global, onde o oceano vai subir um oitavo de polegada nos próximos 400 anos”, disse Trump.
“A maior ameaça é o aquecimento nuclear, porque temos cinco países agora que têm poder nuclear significativo, e não podemos permitir que nada aconteça com pessoas estúpidas como Biden”, concluiu.
Musk expôs suas ideias pró-combustíveis fósseis, dizendo que não se pode vilipendiar a indústria de óleo e gás, caso contrário a economia vai entrar em colapso. E que uma vez que há ainda muita demanda nos EUA e no mundo, as vendas de barris continuam sendo um elemento que, segundo ele, “ajuda na prosperidade dos EUA”.
A posição de Musk quanto a transição energética surpreende, uma vez que além do X, o sul-africano também é dono da Tesla, fabricante de automóveis elétricos.
Com o sinal verde dado por Musk, Trump repetiu seu mote de incentivar o aumento de produção de petróleo nos EUA e seu projeto de busca de petróleo no Alasca – barrado por Biden.
Elon Musk tornou-se um crítico feroz do democrata Joe Biden. Ele costuma publicar mensagens para seus mais de 194 milhões de seguidores, nas quais critica os esforços do atual presidente dos Estados Unidos para promover a diversidade e a inclusão.
Nas últimas semanas, a rede X tornou-se o centro de uma acirrada controvérsia por permitir a divulgação de informações e materiais falsos vistos como um incentivo à violência em meio aos distúrbios nas ruas causados por grupos de extrema direita no Reino Unido.
Nesta segunda, horas antes da conversa com Trump, a União Europeia alertou Elon Musk sobre sua obrigação legal de impedir a eventual divulgação de conteúdos nocivos em sua plataforma. Em uma carta a Musk, o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, lembrou que a entrevista será “acessível aos usuários da UE” e, por isso, “monitoramos os riscos potenciais na UE associados à divulgação de conteúdos que podem envolver violência, ódio e racismo”.
A rede X tornou-se o centro de uma acirrada controvérsia nas últimas semanas por permitir a divulgação de informações e materiais falsos vistos como um incentivo à violência em meio aos distúrbios nas ruas causados por grupos de extrema direita no Reino Unido.