Inteligência Artificial pode afetar 37 milhões de trabalhadores no Brasil, diz OIT

Organização aponta que mulheres tendem a ser mais impactadas. Mas, afirma ser mais provável que a tecnologia aumente e transforme os empregos do que os automatize totalmente

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A inteligência artificial generativa (IAGen) pode impactar cerca de 37 milhões de trabalhadores no Brasil, o que corresponde a 37% dos postos de trabalho, e as mulheres têm maior risco de serem substituídas pela tecnologia, segundo estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT). 

De acordo com relatório da entidade, entre 26% e 38% dos empregos na América Latina e Caribe podem ser influenciados pela IAGen — ou seja, o impacto no Brasil está entre os mais altos estimados para a região. A inteligência artificial generativa é aquela usada para gerar conteúdos, como textos, imagens e músicas, por exemplo. 

Segundo a OIT, no entanto, “é mais provável que a tecnologia aumente e transforme os empregos, em vez de os automatizar totalmente. Especificamente, entre 8% e 14% dos empregos poderiam ter melhor produtividade graças à IAGen, enquanto apenas entre 2% e 5% enfrentam o risco de automatização total”.

Na média da região, assim como no Brasil, a OIT destaca que o percentual de risco de automação é duas vezes maior para mulheres do que para homens. 

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Segundo o documento, “mulheres que trabalham em áreas urbanas, são mais jovens, não são pobres, atuam em setores formais (principalmente nos setores bancário, de finanças ou administração pública), ou que tenham maior grau de instrução, estão mais expostas à automação pela IAGen”. 

Além disso, destaca, “a possível perda de empregos bem remunerados, formais e qualificados causada pela automação possibilitada pela IAGen em setores dominados por mulheres teria impactos negativos para as já altamente desiguais e informais economias na região”. 

Recomendações

Para lidar com a nova realidade que pode ser gerada pelo uso dessa tecnologia, a OIT aponta algumas recomendações dirigidas aos governos e legisladores. 

“Os governos devem estabelecer políticas públicas que visem proteger os empregos, minimizar as disrupções provocadas pela perda de empregos resultante da IAGen, e maximizar os possíveis benefícios à produtividade à medida que a IAGen seja mais difundida no ambiente de trabalho”, destaca a entidade. 

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Neste sentido, sugere, entre outras medidas, a implantação de programas permanentes de aprendizagem para mitigar as perdas de empregos e aumentar a produtividade e o fortalecimento das competências fundamentais dos trabalhadores para que usem as novas ferramentas de IAGen no trabalho, visando aumentar sua produtividade e criatividade. 

Além disso, chama atenção para a importância do aumento da proteção social “para estabilizar transições e lidar com lacunas de gênero, uma vez que os trabalhos predominantemente realizados por mulheres estão expostos à automação de maneira desproporcional”.