Alta do dólar é ataque especulativo preocupante, diz Lula

Mercado financeiro tem exigido um arrocho fiscal do governo federal que nega “acabar com benefício de pobre” para acalmar Faria Lima

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou, nesta terça (2), do interesse especulativo que tem desvalorizado o real nas últimas semanas. O mercado financeiro tem chantageado o Brasil ao exigir arrocho fiscal em detrimento do desenvolvimento econômico.

“Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Não é normal o que está acontecendo”, disse em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador. “Temos que fazer alguma coisa [com relação ao dólar]”, concluiu.

Nesta segunda (1), o dólar voltou a renovar as máximas desde janeiro de 2022. A moeda dos EUA encerrou a primeira sessão de julho com alta de 1,13%, negociada a R$ 5,653 na venda, o maior valor desde 10 de janeiro, quando foi a R$ 5,672.

Nas últimas semanas, a moeda norte-americana tem acumulado uma série de ganhos ante o real, em uma disputa entre o mercado financeiro e o governo federal sobre investimento público e desenvolvimento econômico.

“É preciso cuidar dos gastos públicos. E ninguém nunca cuidou mais dos gastos públicos do que eu. O que eu não posso é aceitar a ideia de que precisa acabar com benefício de pobre.”

Ainda nesta segunda, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que ruídos tem colaborado com a alta do dólar.

“Atribuo (a alta) a muitos ruídos. Precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo. Por exemplo, tive hoje mais uma confirmação sobre a atividade econômica e a arrecadação de junho fechou (em alta)”, disse o ministro.

Na última sexta (28), em entrevista à rádio O Tempo, o presidente Lula afirmou que o Banco Central tem a obrigação de investigar a especulação em torno da moeda americana.

“Por que o dólar está subindo? Porque tem especulação com derivativos na perspectiva de valorizar o dólar e desvalorizar o real. E o Banco Central tem a obrigação de investigar isso”, disse Lula.

Além da atuação do mercado financeiro na desvalorização do real, as eleições americanas são mais um ponto de observação na alta do dólar. Logo após o primeiro debate entre os candidatos, o mercado passou a considerar mais provável a volta de Donald Trump à Casa Branca.

Nesta segunda, os títulos do tesouro americano puxaram a alta do dólar em reação a uma eventual política protecionista do republicano.

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