Obedientes ao mercado 

O Copom do Banco Central, pressionado pelo mercado financeiro e pela mídia ultraliberal, manteve a Selic em 10,50%, interrompendo sete reduções e revelando a influência neoliberal

Depois da forte divisão da reunião de maio, a decisão pela manutenção dos juros foi unânime | Foto: Copom/Divulgação

Sob enorme pressão dos agentes do mercado financeiro e da grande mídia ultraliberal, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, ontem, manter a Selic em 10,50% ao ano, barrando uma sequência de sete reduções seguidas.

Por unanimidade, como pleiteava o mercado. 

Em obediência ao dogma da política de juros altos para desacelerar a economia – contendo a expansão do emprego e os investimentos produtivos e reduzindo o consumo como fórmula antiinflacionária. 

Falácia que já não se sustenta a um olhar minimamente independente.

Contrária aos reais interesse da nação e do povo, pois é inviável um projeto nacional de desenvolvimento assentado em tão absurda taxa de juros. 

Na verdade, o episódio reflete a ação concatenada de três vetores de imposição dos ditames neoliberais: o capital financeiro (sediado em Wall Street), a grande mídia corporativa e as bigh techs (com seus complexos e abrangentes mecanismos de comunicação digital).

Forças poderosas que conspiram contra o desenvolvimento do país e buscam manietar o governo Lula, desde já trabalhando para gerar condições de um retorno da extrema direita ao poder. < /span>

De modo tão escancarado que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não teve o menor pejo ao exibir seus laços políticos com o bolsonarismo na Assembleia Legislativa de São Paulo e em jantar de homenagem a ele foi oferecido pelo governador paulista, Tarcísio Freitas.< /font>

O noticiário de hoje em todas as mídias já exibe profusão de elogios ao Banco Central e de reforçada pressão sobre o governo para que reduza investimentos e corte gastos com políticas sociais compensatórias — programas como Bolsa Família, por exemplo — e com a educação e a saúde. 

O parlamento, de maioria conservadora, vê-se também estimulado a manter o dique de contenção das ações do governo. 

Anteontem, em entrevista rede CBN, o presidente Lula deu um passo adiante no debate sobre os desafios do país, com destaque para a crítica à orientação do Banco Central.

Sinalizou para a absoluta necessidade de se ampliar o debate em torno da situação do país e do confronto de forças opostas junto à população. 

Não é possível enfrentar inimigos tão poderosos sem o concurso da mobilização social. 

Este é um subproduto óbvio da decisão tomada ontem pelo Copom.

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