Conselho de Segurança da ONU aprova cessar-fogo em Gaza

Resolução apresentada pelos EUA foi aprovada por 14 membros, nenhum voto contra e a abstenção da Rússia. Hamas já aceitou a proposta, que aguarda Netanyahu

Foto: Reprodução

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, nesta segunda (10), a proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza costurada pelos Estados Unidos. A resolução foi aprovada por 14 votos a favor, nenhum contra e com a abstenção da Rússia.

Com a aprovação, os Estados Unidos tentam encurralar o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que, além de abrir novas frentes no conflito, com o Hezbollah, no sul do Líbano, e lançando bombardeios contra países como Síria e Irã, colocou em prática, no último sábado (8), uma operação de resgate de reféns, que recuperou quatro civis, mas deixou um rastro de sangue com mais de 270 palestinos mortos.

O plano americano consiste em três fases:

  • a primeira contempla a troca de reféns e prisioneiros, bem como um cessar-fogo de curto prazo;
  • a segunda prevê um “fim permanente das hostilidades”, e uma retirada total das forças de Israel de Gaza;
  • terceira e última fase prevê o início de um plano plurianual de reconstrução do enclave, amplamente destruído por Israel ao longo de oito meses de guerra

A proposta foi apresentada no último 31 de maio, quando o governo Biden anunciou e descreveu o cessar-fogo como uma iniciativa israelense. No entanto, reações de ministros de extrema-direita que orbitam a administração Netanyahu, que ameaçaram deixar o governo caso o chefe de Estado aceitasse a proposta, deu a entender que a proposta era, na verdade, uma imposição do principal aliado de Israel, os Estados Unidos.

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Nesta terça (11), o chefe da diplomacia do Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que Netanyahu “reiterou o compromisso” com a proposta de cessar-fogo em Gaza durante uma reunião em Jerusalém.

“Eu tive uma reunião com o primeiro-ministro Netanyahu ontem à noite e ele reiterou o seu compromisso com a proposta”, disse Blinken.

Segundo Sami Abu Zuhri, um alto funcionário do Hamas, o grupo islâmico aceitou, nesta terça, os termos do cessar-fogo. O Hamas já vinha há semanas sinalizando positivamente para a proposta americana, que contou com o auxílio da diplomacia do Catar e do Egito.

O que diz a proposta

Além das três condições basilares aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU, nesta segunda, o acordo também reitera o compromisso do órgão acerca de uma solução negociada de dois Estados, “onde israelenses e palestinos possam viver lado a lado e em paz dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, consistentes com o direito internacional e as resoluções relevantes da ONU”.

O documento rejeita qualquer tentativa de modificação do território palestino, além de assegurar o cessar-fogo enquanto as negociações continuarem ou estiverem emperradas.

“A proposta diz que se as negociações demorarem mais de seis semanas para a primeira fase, o cessar-fogo continuará enquanto as negociações continuarem”, diz a resolução. O texto também rejeita “qualquer tentativa de mudança demográfica ou territorial na Faixa de Gaza, incluindo quaisquer ações que reduzam o território de Gaza”.

Cerca de 37 mil palestinos foram mortos e outro 80 mil foram feridos por ataques aéreos e terrestres na Faixa de Gaza, depois que o Hamas lançou a operação Tempestade de Al-Aqsa, que deixou 1,2 mil israelenses mortos e outros 200 civis sequestrados.

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