Lula anuncia R$ 5,5 bilhões para universidades e pede fim da greve

O presidente se reuniu nesta segunda-feira (10) com reitores das universidade e institutos federais quando foi cobrado pela reitora da UnB, Márcia Abrahão, por uma solução negociada

Lula com o ministro da Educação, Camilo Santana, durante reunião com reitores (Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em reunião com reitores das universidades e institutos federais nesta segunda-feira (10), no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a proposta oferecida pelo governo aos professores e técnicos-administrativos é irrecusável e pediu o fim da greve. 

No encontro, o governo anunciou que vai destinar R$ 5,5 bilhões para a consolidação e expansão das universidades e dos hospitais universitários federais.

São recursos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) e será dirigido à criação de dez novos campi, espalhados pelas cinco regiões do país.

O assunto da greve veio à tona durante a fala da presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Márcia Abrahão. A reitora da Universidade de Brasília (UnB) pediu ao presidente uma solução negociada para terminar a greve.

“É um tema que está na ordem do dia e eu não poderia deixar de falar. São trabalhadores e trabalhadoras essenciais para darmos conta de todos os desafios e que possuem remunerações muito defasadas como o senhor bem sabe e tem tratado dessa recomposição”, disse a reitora se dirigindo a Lula.

De acordo com ela, a situação dos funcionários das instituições fica ainda pior ao ser comparadas com outras carreiras que tiveram reajustes recentes. “Há técnicos, senhor presidente, que chegam a ganhar menos de um salário mínimo. Esperamos que essa semana, o governo e os sindicatos cheguem a uma solução negociada pacificando a situação”, ponderou Abrahão.

“No caso da educação, se vocês forem analisar o conjunto perceberão que não há muita razão dessa greve está durando o que está durando, porque quem está perdendo não é o Lula e nem o reitor, quem está perdendo é o Brasil e os estudantes brasileiros”, afirmou o presidente.

Lula defendeu as propostas apresentadas pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. “O montante de recursos que a companheira Esther colocou à disposição é um montante não recusável”, observou. “Só quero que vocês levem isso em conta, porque se não nós vamos falar em universidades e institutos federais e os alunos estão à espera de voltar as salas de aula”, completou.

O presidente disse que a greve tem tempo para começar e também para terminar e mandou um recado ao movimento: “O dirigente sindical tem de ter coragem de negociar, mas ele tem de ter coragem de tomar decisões que muitas vezes não é o tudo ou nada que ele apregoou. Eu fui dirigente sindical que nasci com o tudo ou nada, para mim era 100% ou nada, 83% ou nada e 45% ou nada, muitas vezes eu fiquei com nada”, disse, provocando risos na plateia.

Após seis anos sem reajuste, o ministro da Educação, Camilo Santana, lembrou que o governo concedeu 9% no ano passado. “Para vocês terem uma ideia, isso representa um impacto de R$ 8 bilhões no orçamento do MEC. O orçamento não é só custeio, é investimento e é o pessoal”, defendeu.

Santana disse ainda que só com as propostas do governo que estão em negociação o impacto no orçamento da pasta será de R$ 20 bilhões.

“Com os 9% que foi dado no ano passado a variação até 2026 de reajuste de professores varia de 23% a 43%. E é bom lembrar que num ano e meio nós não podemos recompor todo o processo histórico de anos em relação a defasagem salarial num curto espaço de tempo”, disse.

Reitora Márcia Abrahão

Propostas

O governo continua a negociar nesta terça-feira (11) com os técnicos-administrativos e na sexta-feira (14) com os professores. O movimento realiza uma jornada de luta com caravanas que estão chegando de todo o país a Brasília.

Os professores reivindicam uma recomposição salarial de 3,69% ainda neste ano, 9% em 2025 e 5,16% em 2026. O governo não propõe reajuste este ano e ofereceu 13,3% até 2026 para quem recebe os maiores salários e 31%, no mesmo período, para quem ganha menos.

“Para atender a uma das reivindicações importantes da categoria, como a reposição em 2024 da inflação dos últimos doze meses, seriam necessários cerca de R$ 580 milhões, dos quais ao menos 27,5% retornariam imediatamente aos cofres do governo na forma de arrecadação tributária”, defendeu Irenísia Oliveira, do Comando Local de Greve da Universidade Federal do Ceará (UFC).

No caso dos técnicos-administrativos, o governo propõe reajuste em parcelas: 9% em janeiro de 2025 e 5% abril de 2026.

Além disso, aumento maior para quem ganha menos, com redução das desigualdades entre as classes, com aumento das proporções da remuneração das classes A, B, C e D em relação à classe E.

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