DPU pede anistia coletiva para camponeses vítimas da ditadura

Pedido feito ao Ministério de Direitos Humanos passará por análise da Comissão de Anistia. Camponeses em luta pela reforma agrária foram sistematicamente perseguidos

Foto: Memorial das Ligas e Lutas Camponesas

O aparato de repressão da ditadura militar no Brasil perseguiu e reprimiu camponeses em sua luta pela reforma agrária. Com o objetivo de reconhecer e reparar as violações sofridas, a Defensoria Pública da União (DPU) e a organização não governamental Memorial das Ligas e Lutas Camponesas (MLLC) da Paraíba pedem ao governo federal anistia para as Ligas Camponesas paraibanas. O pedido foi protocolado no Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e deverá ser analisado na Comissão de Anistia.

Em reportagem da Agência Brasil, o defensor público federal Bruno Arruda aponta que este é o primeiro pedido de anistia coletiva que envolve a questão da reforma agrária, com a relevância de carregar o pedido de reconhecimento do Estado por tais violações.

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Na requisição são apontados os casos de João Pedro Teixeira, Pedro Fazendeiro e Nego Fuba, brutalmente torturados e assassinados. O documento ressalta a prática sistemática de eliminação de opositores da ditadura.

A perseguição aos camponeses pela polícia, no entanto, já ocorria desde antes da ditadura, quando passou a ser sustentada pelo poder central. Por isso, o pedido de anistia abarca desde 1958 até 1981, com fatos que constam em documentos do Serviço Nacional de Informações (SNI), fichas do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e relatos da Comissão Nacional da Verdade.

De acordo com Alane Lima, presidenta do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas (MLLC), os camponeses esperam reconhecimento e reparação, mas acompanhado de demarcações de terras para que as famílias possam produzir e deixar de lado a falta de direitos básicos que ainda persiste.

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A Defensoria, em seu pedido, solicita não só a reparação e reconhecimento pela Comissão de Anistia, como também solicita medidas para implementar a reforma agrária com a demarcação e desapropriação de terras para o programa.

*Agência Brasil. Edição Vermelho, Murilo da Silva.

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