Comunidade Internacional se revolta com ‘acidente trágico’ de Netanyahu
Afirmação ocorre no dia seguinte a bombardeio que matou ao menos 45 palestinos. Mulheres, crianças e idosos foram carbonizados em ataque classificado como “preciso” pela IDF
Publicado 28/05/2024 09:29 | Editado 29/05/2024 10:21
Em meio a pressão da comunidade internacional, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu classificou como um “erro trágico” o ataque aéreo israelense a um acampamento de refugiados em Rafah, na Faixa de Gaza.
O líder da coalizão de extrema-direita e seu gabinete de guerra orquestraram mais de 60 ataques a Faixa de Gaza no último final de semana, deixando mais de 200 mortos e milhares de feridos. Entre as vítimas, a maioria mulheres e crianças.
No ataque mais vil e covarde, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) operaram um bombardeio com ao menos oito mísseis em um acampamento de pessoas desabrigadas situado no bairro de Tel Al-Sultan, a noroeste da cidade de Rafah.
Cerca de 45 pessoas morreram no ataque e os feridos foram levadas a hospitais, que operam com a capacidade reduzida. Sobreviventes relatam que as vítimas foram carbonizadas ou tiveram queimaduras graves, uma vez que o acampamento está repleto de lona plástica altamente inflamável.
“Apesar dos nossos máximos esforços para não ferir civis inocentes, na noite passada, houve um erro trágico. Nós estamos investigando o incidente e vamos obter uma conclusão, pois essa é a nossa postura”, disse Netanyahu no Knesset.
Ainda que o sionista tenha tentando apresentar justificativas, notas oficiais do Exército israelense relatando a execução da operação aérea no campo de refugiados em Tel Al-Sultan desnudam as intenções da extrema-direita do país.
“Ontem à noite, a IDF realizou um ataque preciso baseado em inteligência
que teve como alvo terroristas
importantes do Hamas em Tel Al-Sultan”, publicou a conta oficial do E
exército no X, antigo Twitter.
O que o exército israelense definiu, na manhã de domingo, como “ataque preciso”, no entanto, não convenceu a comunidade internacional de que o “erro trágico” citado por Netanyahu, nesta segunda (27), tenha sido, de fato, um equívoco.
Ainda na segunda, a comunidade internacional condenou fortemente o ataque militar israelense em Tel Al-Sultan.
Egito condenou o “bombardeio deliberado das tendas dos deslocados” pelos militares israelenses, informou a mídia estatal, descrevendo-o como uma violação flagrante do direito internacional.
A Arábia Saudita também condenou o ataque israelense e o Catar disse que o ataque em Rafah pode prejudicar os esforços para mediar um cessar-fogo e a troca de reféns.
Países da União Europeia também não pouparam o governo de Israel da carnificina em Rafah, dias após a Corte Internacional de Justiça (CIJ), a mais alta instância da Organização das Nações Unidas (ONU), ordenar a suspensão das operações militares na cidade ao sul do enclave.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, e o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disseram que a decisão deve ser respeitada. “A lei humanitária internacional se aplica a todos, inclusive à condução da guerra por parte de Israel”, afirmou Baerbock.
Para a agência da ONU para refugiados palestinos, a situação é horrível. “Gaza é O inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso”, escreveu a UNRWA na rede social X.
Rafah é o último refúgio de cerca de 1,4 milhões de palestinos que tiveram suas casas e bairros reduzidos a ruínas.
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