Manutenção e ampliação da frente ampla nos municípios contra o suspiro fascista
Nas eleições de 2024, progressistas precisam fortalecer uma frente democrática ampla e coordenada para isolar a extrema-direita e garantir a sobrevivência política do campo
Publicado 10/05/2024 13:53
As eleições municipais de 2024 acontecerão diante de uma conjuntura bem diferente daquelas de 2020, quando Bolsonaro ainda governava o país e vivíamos a maior crise sanitária da história.
Ainda em 2020, o eleitor, que havia experimentado dois anos de governo de um Presidente de extrema-direita, foi as urnas e parece ter rejeitado uma política extrema não tendo dado bons resultados aos aliados de Bolsonaro e ter direcionado o voto mais ao centro político em partidos como MDB, PSD, DEM*, PP e Republicanos, que apresentaram crescimento eleitoral.
A campo político progressista onde conseguiu obter êxito, foi participando de frentes amplas, hora dirigindo as frentes, hora compondo as alianças, mas quase sempre em contraponto a extrema-direita, como destaquei em meu artigo “O Brasil que saiu das urnas em 2020”.
Agora em 2024, as eleições se darão em um contexto onde o Presidente Lula terá aproximadamente dois anos de governo, após vencer as eleições construindo uma grande frente ampla democrática para derrotar o fascismo.
A economia está com números positivos, desemprego em queda, programas sociais foram retomados e os investimentos públicos voltaram através do PAC. Mesmo com outra realidade política e econômica e com bons resultados do Governo Federal, o campo progressista ainda enfrenta grandes dificuldades para exercer uma hegemonia na sociedade e no próprio governo, tendo o ex-Ministro José Dirceu afirmado em entrevista recente que o Governo Lula é de centro-direita.
As pesquisas atuais demonstram que o Presidente Lula vem perdendo a sua aprovação, os movimentos sociais não conseguem ainda fazer grandes mobilizações em torno de uma pauta dos trabalhadores ou para defender as políticas públicas que vêm sendo implementadas pelo Governo Federal, visto que o 1º de Maio em São Paulo teve participação muito aquém do esperado pelo próprio Presidente Lula. Está faltando uma postura militante dos nossos quadros em relação ao governo e ao enfrentamento político nas ruas e nas redes.
Parte disso, eu entendo que se explica pela reação fascista e sua comunicação de redes que continuam hiper mobilizadas pela base de extrema-direita em contra campanha permanente ao governo e a lideranças de esquerda, com as suas fake news absurdas tendo as plataformas coniventes com seus crimes digitais, veneno que o campo progressista ainda demora para desenvolver o antídoto no Brasil e no mundo.
Com a tentativa fracassada de golpe fascista em 8 de janeiro de 2023, que uniu todos os democratas em defesa das instituições, a forma que a extrema-direita terá de retomar algum protagonismo político será nas eleições municipais de 2024. Bolsonaro sabe que a sobrevivência do seu projeto político passa por isso e já se movimenta neste sentido fazendo campanha em vários lugares do país para eleger seus aliados.
Após o fim da janela e do prazo para filiação partidária em 06 de abril, o movimento das urnas de 2020 se refletiu ainda nas filiações, tendo sido o MDB e PSD os partidos que mais cresceram em números de vereadores e prefeitos filiados, porém, com uma novidade, o PL está também entre os partidos que mais cresceram, mostrando uma certa resiliência e influência de Bolsonaro.
Diante disto, os partidos políticos progressistas, começando pela Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV), precisam manter diálogo com a frente democrática que sustenta o Governo do Presidente Lula com todas as suas contradições, tendo como objetivo editar no maior número possível de municípios brasileiros uma frente ampla que isole o fascismo e não deixe que a extrema-direita tenha sobrevida política.
É preciso ter a sabedoria que o momento político exige, não superdimensionar nossa força e muito menos adotar posturas estreitas e sectárias com aliados do centro e da centro-direita, buscando consensos possíveis até as Convenções para montar chapas amplas e competitivas.
Mesmo cada município tendo suas particularidades e arranjos locais diversos, acredito ser possível uma coordenação nacional entre os partidos que dialogue com esse objetivo de verticalizar a tática política da frente democrática onde for possível e desprender esforços para que ela se realize.
Nos municípios onde já existir uma frente ampla fruto da construção de 2020, a tarefa deve ser a sua manutenção e ampliação para mais partidos da frente democrática. Onde não foi possível criar essa frente em 2020, que se construam as condições necessárias para sair do isolamento político dialogando com os partidos de centro e de centro-direita, sem vaidades e hegemonismos, apoiando aqueles partidos da frente democrática que estiverem mais bem posicionados nos pleitos.