Brasil enaltece legado democrático da Revolução dos Cravos
Portugal é um importante parceiro comercial do Brasil na Europa, com superávit de US$ 2,7 bilhões para o Brasil. Mais de 400 mil brasileiros residem neste país
Publicado 25/04/2024 16:10 | Editado 25/04/2024 16:57
Apesar da ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas celebrações dos 50 anos do fim da ditadura portuguesa, o governo brasileiro emitiu uma nota destacando o papel da Revolução dos Cravos na construção da democracia e na descolonização na África.
“Os eventos de 25 de abril de 1974 marcaram o início da redemocratização de Portugal, período em que o país derrotou o fascismo e reconheceu o direito à autodeterminação de todos os povos”, afirmou o Itamaraty em comunicado.
A referência à derrota do fascismo acontece em meio à ascensão da extrema direita em Portugal e às críticas constantes dirigidas ao presidente brasileiro. Desde que o Partido Socialista perdeu o governo para a direita, incluindo o surgimento do partido conservador Chega!, liderado por André Ventura, o presidente brasileiro tem sido alvo de ataques.
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“A Revolução dos Cravos legou a Portugal um sistema político plural e inclusivo, voltado à construção de uma sociedade livre, justa e democrática”, destacou o Itamaraty.
Apesar da ausência de Lula, o governo brasileiro está sendo representado pelo chanceler Mauro Vieira nos eventos comemorativos. Durante sua visita, Vieira se encontrará com seu homólogo português, Paulo Rangel, para discutir temas da agenda bilateral, regional e multilateral.
As relações entre Brasil e Portugal são destacadas pelo Itamaraty como únicas, devido à história compartilhada pelos dois países. Portugal é um importante parceiro comercial do Brasil na Europa, com um fluxo de comércio de US$ 4,7 bilhões em 2023, resultando em um superávit de US$ 2,7 bilhões para o Brasil. Além disso, mais de 400 mil brasileiros residem em Portugal atualmente.
A visita de Vieira ocorre um dia após o governo português sinalizar seu reconhecimento pelos crimes cometidos durante a escravidão e o colonialismo. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, indicou que seu ministério está em contato com autoridades portuguesas para discutir possíveis formas de reparação.
Em meio às celebrações do 50º aniversário do 25 de Abril, Portugal está realizando uma série de eventos que incluem uma sessão solene no Parlamento, um desfile na Avenida da Liberdade em Lisboa, e exposições culturais em todo o país. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa estará presente em várias dessas atividades, que marcam meio século desde o fim da ditadura em Portugal.