No Senado, ministra diz que encontrou pasta da Saúde desestruturada

Nísia Trindade destacou na Comissão de Assuntos Sociais da Casa que mais de quatro mil equipes da saúde da família não possuíam médicos e não havia estoque de vacinas

Nísia Trindade durante a audiência (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, diz que ao assumir o cargo encontrou a pasta toda desestruturada em decorrência do descaso do governo anterior. Ela diz que mais de quatro mil equipes da saúde da família não possuíam médicos e não havia estoque de vacinas essenciais.

“Nós recompusemos tudo”, disse a ministra nesta terça-feira (16), na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, em resposta aos senadores bolsonaristas que atacaram sua administração.

“Não está faltando mais ação e menos política”, cobrou o oposicionista Rogerio Marinho (PL-RN).

“Além do desemprego e da desestruturação do Ministério da Saúde, que não contava com áreas fundamentais como é o caso da área de saúde mental, tão afetada durante a pandemia, o Brasil voltou ao mapa da fome”, respondeu a ministra.

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Outros bolsonaristas como Eduardo Girão (Novo-CE) e Damares Alves (Republicanos-DF) questionaram a ministra, respectivamente, pela obrigação da vacina contra Covid-19 e cadernetas de crianças.

Ambos levaram pito do senador Omar Aziz (PSD-AM): “Eu queria ver esse discurso enfático, mas bem enfático mesmo, quando o Pazuello [Eduardo] e o Queiroga [Marcelo] eram ministros da Saúde. Isso quando mais de quatro mil pessoas morriam por dia na pandemia [Covid]”.

Aziz lembrou que alguns parlamentares que fazem as críticas eram ministros do governo negacionista de Bolsonaro.

“Minha solidariedade a sua pessoa e ao cargo que a senhora está exercendo momentaneamente. A senhora tem uma história na ciência e essa história não será apagada”, disse o senador.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), saiu em auxílio a ministra relatando números.

De acordo com ele, o fundamental era comparar o financiamento ao Sistema Único da Saúde (SUS), ou seja, a transferência que os estados e municípios recebem do Fundo Nacional de Saúde (FNS).

“Em 2022 o repasse foi de R$ 60,39 bilhõe e, em 2023, a transferência chegou a R$ 72,36 bilhões, um crescimento de 20%. Todos os municípios, independente da sigla partidária do prefeito, tiveram aumento de repasse de 17%”, destacou Randolfe.

Yanomami

Na sua exposição, a ministra destacou que a questão Yanomami, que foi a primeira crise sanitária enfrentada pelo governo.

“Eu propus, logo na primeira reunião ministerial no ano passado, a emergência sanitária para que pudéssemos lidar com essa questão. O diagnóstico era de grave situação desse povo que precisa retomar seu modo de vida, porque sem a retomada era impossível pensar na recuperação da saúde. Trabalhamos em diversas frentes”, explicou a ministra.

Entre as ações no território indígena, ela destacou a reabertura de seis a sete polos-bases que haviam sido fechados para promover assistência a 5 mil pessoas e 75 aldeias; novos tratamentos com tafenoquina para malária; criação do Centro de Recuperação Nutricional; mais de 400 crianças recuperadas com desnutrição grave ou moderada; mais profissionais de saúde no território (53%); remoção de 3.407 pacientes; 4,7 milhões de medicamentos e insumos; e 3,9 mil pacientes com alta.

Dengue

A ministra apresentou outros dados como o de combate à dengue. Em 2023 foi implantada a Sala Nacional de Arboviroses; abastecimento de estoques de inseticidas; painel de monitoramento; campanha contra dengue, zika e chikungunya; R$ 256 mmilhões para estruturação de estados e municípios; e qualificação de profissionais de saúde.

Este ano, a ministra destacou os informes semanais e diários; incorporação da vacina; implantação do Centro de Operações em Emergências (COE); ampliação em R$ 1,5 bilhão para estados e municípios; e dia D de combate à dengue em todo o país.

Programas

Nísia também destacou o Mais Médicos e Brasil Sorridente. Neste último programa, eram 385 novas equipes por ano (2019-2022), que saltaram para 2.771 novas equipes no ano passado.

No caso do Mais Médicos houve um aumento de 85% dos profissionais. Em 2022, era 13.726 profissionais e, no ano passado, foram 25.421 médicos.

Metas

A ministra ainda apresentou algumas metas até o final do governo como mais de 1 milhão de cirurgias por ano e reduzir o tempo de espera nas filas para exames e consultas.

Além disso, a prioridade será a reconstrução da saúde da família com mais equipes, ampliação de horários nas UBS e o modelo que volta a valorizar a visita em casa. A perspectiva é aumentar a cobertura em 80%.

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