Ministério da Saúde discute estratégia para vacinação contra Dengue

Início da imunização em fevereiro conta com 5 milhões de doses entregues para um ciclo de duas aplicações, enquanto governo estuda áreas prioritárias com maior número de casos

Vacina contra a Dengue | Foto: TV Brasil

O Ministério da Saúde realiza uma reunião técnica nesta segunda-feira (15) para estabelecer a estratégia de vacinação contra a dengue, com início previsto para fevereiro. A vacina, conhecida como Qdenga, foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023, tornando o Brasil o primeiro país a oferer o imunizante na rede pública.

Contudo, devido à capacidade limitada de produção do fabricante, o laboratório japonês Takeda Pharma, a vacinação será inicialmente focada em públicos e regiões prioritárias. Segundo o laboratório, a previsão é que sejam entregues 5.082 milhões de doses em 2024, entre fevereiro e novembro. No entando, esse número representa um volume menor de pessoas imunizadas, considerando que o esquema vacinal consiste em duas doses, aplicadas com intervalos de três meses.

O PNI em conjunto com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), agora trabalhará para definir a melhor estratégia de utilização do quantitativo disponível, identificando o público-alvo prioritário e as regiões com maior incidência da doença para a aplicação da vacina.

Cenário epidemiológico

Segundo o ministério da Saúde, “a infecção por dengue gera uma doença que pode ser assintomática ou apresentar formas mais graves, evoluindo ocasionalmente ao óbito. A forma viral clássica envolve sinais e sintomas, tais como: fraqueza muscular, sonolência, recusa da alimentação e de líquidos, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas.”

Além disso, o órgão diz que, ao longo de 2023, foram notificados 1.658.816 casos de dengue e 1.094 óbitos, um aumento de 15,8% em relação a 2022. A região Sudeste, Sul e Centro-Oeste foram as mais afetadas, destacando-se Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Goiás.

“O ano de 2023 foi realmente diferente. Tivemos essas mudanças ocasionadas pelo fenômeno do El Niño. E, depois de muito tempo, encontramos os quatro sorotipos (1, 2, 3 e 4) circulando ao mesmo tempo no Brasil, uma situação bem incomum”, informa a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.

Segundo publicação do g1, só neste ano os casos já superam os 10 mil e há sete mortes em investigação. Diante da projeção de aumento de casos nos próximos meses, o Ministério da Saúde investirá R$ 256 milhões no fortalecimento da vigilância das arboviroses. A recente inauguração da Sala Nacional de Arboviroses (SNA) permitirá o monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika.

Características da vacina

A Qdenga (TAK-003) é um imunizante contra a dengue que contém vírus vivos atenuados, induzindo respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus. A Anvisa indica a vacina para pessoas de 4 a 60 anos, sem estudos de eficácia em indivíduos com mais de 60 anos.

A vacina é destinada tanto para quem já teve dengue quanto para aqueles que nunca foram infectados, sendo a primeira vacina no país liberada para pessoas que nunca tiveram contato com o vírus.

Mas atenção: não é recomendada para pessoas alérgicas a algum dos componentes, com sistema imunológico comprometido, condição imunossupressora, gestantes e lactantes.

A vacina Qdenga está sendo ofertada em clínicas particulares desde março de 2023, quando foi aprovada. Agora o imunizante do laboratório Takeda passa a integrar também o PNI, permitindo a aplicação gratuita pelo SUS. O investimento na vacinação gratuita busca conter o avanço da doença e mitigar os impactos previstos para os próximos meses.

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com agências

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