Crise provoca protestos em Israel e pedidos de renúncia de Netanyahu

O premiê israelense é responsabilizado pela insegurança que se espalhou pelo país, após acusações de autoritarismo e corrupção

Manifestantes se reúnem perto da residência do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Jerusalém enquanto o conflito entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas continua, 4 de novembro de 2023.

Em meio à devastação do conflito com o Hamas, Israel enfrenta agora uma crise política interna de magnitude. Milhares de israelenses inundaram as ruas de cidades como Tel Aviv, Haifa, Beersheba e Eilat, expressando sua fúria e frustração com o governo liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. A gota d’água foi o sequestro de 240 reféns pelo Hamas, ocorrido há um mês, que expôs a vulnerabilidade do país e desencadeou uma onda de protestos maciços.

Netanyahu, que já estava enfrentando protestos por seu controverso projeto de reforma do Judiciário nos meses anteriores ao conflito, viu sua popularidade despencar ainda mais diante da incapacidade do governo em garantir a segurança dos cidadãos e a libertação dos reféns. A situação se agravou quando os protestos se espalharam por todo o país, culminando em manifestações em frente à residência do premier em Jerusalém, pedindo novas eleições.

As pesquisas de opinião pública refletem a crescente insatisfação da população com Netanyahu. De acordo com uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Lazar, 73% da população não o considera a pessoa certa para governar Israel. Além disso, uma pesquisa do Canal 13 de Israel revelou que 76% dos entrevistados acreditam que Netanyahu deveria renunciar, e 64% apoiam a realização de eleições imediatamente após o fim do conflito.

O principal ponto de discordância entre Netanyahu e o povo é a recusa do primeiro-ministro em assumir a responsabilidade pelas falhas de inteligência e segurança que permitiram o ataque do Hamas. O público exige uma retratação e um pedido de desculpas, algo que Netanyahu relutou em fazer, temendo que isso afete suas chances de permanecer no poder.

Membros do próprio partido de Netanyahu, o Likud, sugeriram anonimamente que os dias do primeiro-ministro no cargo estão contados. A Casa Branca negou os rumores de que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, teria expressado uma opinião semelhante durante sua recente visita a Israel. No entanto, a crítica internacional à liderança de Netanyahu continua a crescer, colocando ainda mais pressão sobre o premiê.

Enquanto Israel lida com as consequências do conflito com o Hamas, a nação também enfrenta uma crise política sem precedentes, com um futuro político incerto. A única certeza é que a população está clamando por mudanças e responsabilidade, enquanto Netanyahu enfrenta o desafio de manter-se no poder em meio a uma tempestade de descontentamento popular.

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