O Horror, seus pressupostos e a bandeira da paz

Normalizar o extermínio e criminalizar a luta contra o extermínio são componentes fundamentais da tática sionista.

Anuncie durante décadas, impunemente, o desejo de promover uma limpeza étnica contra todo um povo. Conte para isso com a cumplicidade e incentivo do imperialismo e de boa parte do seu aparelho midiático mundial. Prepare, com seus cúmplices, uma estratégia de comunicação que torne invisível a dor do povo a ser exterminado. Importante: trabalhe para que a face visível do “povo alvo” seja distorcida. Esse aspecto é fundamental, pois ninguém aceita o extermínio pacificamente. Porém, se a estratégia comunicacional é bem-feita, quando este povo denunciar o extermínio e, principalmente, quando lutar contra o extermínio, ele será visto como fanático e terrorista. Fique tranquilo, tal tática é tão eficiente e avassaladora que, mesmo alguns que esbocem solidariedade ao povo oprimido, irão, para não confrontar a “opinião pública”, condená-lo por lutar. Este método não é novo, mas é muito eficiente. Quando Espártaco, na Roma antiga, formou seu exército de escravos, a nobreza romana o acusava de bandido, de promover pilhagens e assassinatos. Talvez não tenha faltado nem mesmo, para definir Espártaco, uma palavra em latim correlata com “terrorista”. Foi seguindo este caminho que o sionismo, uma variante neofascista genuinamente terrorista, tem as mãos livres para humilhar, roubar, expulsar, prender e assassinar, homens, mulheres e crianças, sem que isso provoque a reação praticamente unânime que acontece quando seres humanos cotidianamente humilhados, roubados, presos e assassinados decidem, desesperados, enfrentar a máquina de morte.

O Horror, seus pressupostos e a bandeira da paz II

Nesta terça-feira (17), um dos mais absurdos crimes do século XXI, a destruição do hospital em Gaza matando mais de 500 “animais humanos” (segundo expressão utilizada pelo ministro de defesa israelense para se referir aos palestinos), mobilizou de novo uma enorme máquina de propaganda que, tão logo o horror foi divulgado, tenta culpar o povo martirizado pelo próprio martírio. O presidente dos EUA, ao desembarcar em Telavive, disse que o ataque contra o hospital “parece” não ser obra de Israel. As fotos de Biden ao lado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estampam neste momento quase todos os sites noticiosos do Brasil e do mundo enquanto as fotos das crianças mortas no hospital somem aos poucos. Um retrato atual e macabro do poder da “nobreza” contra Espártaco. De fato, não existe limite para o imperialismo, do qual o sionismo, como corrente racista e supremacista, é uma das faces mais agressivas. Na “democrática” Europa, portar uma bandeira oficial do Estado Palestino é agora motivo para prisão, prisão que é feita mesmo se não existe previsão legal para tal, pois a bandeira palestina não é proibida por lei. Claramente, o que é proibida é a existência do povo palestino. No entanto, apesar de toda a repressão, a consciência humana desperta. Na própria Europa, na África e principalmente nos países árabes e mulçumanos, multidões tomam às ruas em defesa da Palestina. A causa palestina, assim como a própria luta contra o neofascismo, não é propriedade exclusiva da esquerda. Denunciar o projeto genocida sionista, pelos direitos do povo palestino e pela paz, é urgente, deve mobilizar cada vez mais pessoas, unidas por fortes laços humanistas, pois esta é uma causa da consciência humana que, para vencer, deve ser ampla. Amplitude que exige uma dupla habilidade: a causa palestina é justa e portanto não devemos fornecer elementos que fortaleçam ou facilitem a propaganda imperialista e por outro lado não podemos, precisamente porque a causa é justa, nos deixar intimidar pela ameaça de “cancelamento” promovida pela mídia alinhada ao sionismo. Como em outros momentos históricos, vivemos um período em que mãos que não tremam devem ser as primeiras a empunhar a bandeira da paz, paz que só será possível com a vitória da Palestina na batalha por seu Estado livre e soberano.

o fato mais importante em toda a política é a violência imperialista em relação aos povos que não tiveram a sorte de figurar entre os vencedores, e esta política mundial do imperialismo suscita a aproximação, a aliança e a amizade de todos os povos oprimidos.”

Trecho do discurso de Lênin no 8º Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia – 22-29 de dezembro de 1920

Autor