ONU alerta que comida e água estão acabando rapidamente em Gaza

Bloqueio israelense é considerado crime de guerra segundo as leis internacionais. Israel afirma que seguirá com os bloqueios até a devolução dos 130 reféns do Hamas

Foto: Reprodução

A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou nesta quinta (12) que alimentos e água na Faixa de Gaza estão rapidamente se esgotando. Israel iniciou na segunda (9) um bloqueio completo na região, que está também se reabastecimento de energia e suprimentos hospitalares.

“As vidas das pessoas estão em risco se um corredor humanitário não for estabelecido imediatamente”, indicou a organização.

No último sábado (7), o Hamas iniciou um ataque inédito a Israel, furando 29 pontos das barreiras e matando mais de 1.200 pessoas, a maioria civil. Desde então, as forças armadas israelenses escalam uma violência sem precedentes na Faixa de Gaza, que já conta mais de 1.8000 mortos, segundo o ministério da Saúde da Palestina.

De acordo com as autoridades de Israel, o bloqueio seguirá funcionando enquanto os mais de 130 reféns capturados pelo Hamas não sejam libertados.

A ONU, no entanto, denunciou a atitude e alertou que tais métodos poderiam constituir um crime de guerra. O gesto também foi criticado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

“Estamos vendo uma falta de combustível, água e eletricidade”, disse Samer Abdeljaber, diretor regional do Programa Mundial de Alimentos, uma agência da ONU.

“Muitas padarias não terão a capacidade de fornecer alimentos amanhã. Elas estão sem eletricidade e sem água”, lamentou. “Amanhã será um dia muito difícil para as pessoas, tanto dentro dos abrigos como fora”, disse.

Nesta sexta (13), as forças armadas israelenses ordenaram uma completa evacuação em 24 horas da área norte da Faixa de Gaza, indicando uma invasão terrestre em larga escala. Segundo fontes militares de Israel, mais de 35 batalhões e 300 mil soldados estão cercando os palestinos na região.

Nebal Farsakh, porta-voz da Cruz Vermelha em Gaza, afirma que não há forma de deslocar com segurança mais de um milhão de pessoas tão rapidamente: “Esqueça a comida, esqueça a eletricidade, esqueça o combustível. A única preocupação agora é se você vai conseguir, se vai viver”, disse Farsakh.

“O que acontecerá com nossos pacientes? Temos feridos, temos idosos, temos crianças que estão em hospitais”, alertou.

Importante ator geopolítico na região, a Turquia denunciou as ordens de evacuação israelense, classificando-as como “completamente inaceitável”.

“Forçar as 2,5 milhões de pessoas de Gaza – que foram sujeitas a bombardeamentos indiscriminados durante dias e que foram privadas de eletricidade, água e alimentos – a migrar para uma área extremamente limitada é uma clara violação do direito internacional” e não tem lugar na humanidade”, comunicou o presidente Recep Erdoğan.

“Esperamos que Israel reverta imediatamente este grave erro e interrompa urgentemente os seus impiedosos atos contra civis em Gaza”, concluiu.

Autor