Alunos da USP agendam negociação com reitoria e ato no MASP

Cursos da capital e nas unidades de Ribeirão Preto e Lorena estão em greve, indica o movimento estudantil. Reunião acontece na quarta (4) e ato no MASP na quinta (5)

Foto: Adusp

A greve dos estudantes da USP (Universidade de São Paulo) já passa de duas semanas sem avanços na negociação com a reitoria. Na última sexta-feira (29), os estudantes de cursos que faltavam aderir ao movimento, por fim, também decidiram pela participação na greve. No interior do estado, em Ribeirão Preto e Lorena, cidades em que a universidade possui cursos, a greve também foi instaurada. Na primeira cidade, inclusive, os estudantes ocupam a reitoria em protesto.

Na última quinta-feira (28), os estudantes e a reitoria se reuniram pela segunda vez, porém não ocorreu nenhum avanço nas negociações que cobram, principalmente, contratações de mais professores e melhorias em benefícios estudantis.

Na verdade, a reunião somente serviu para frustrar ainda mais as expectativas dos estudantes, uma vez que o reitor Carlos Gilberto Carlotti Júnior não compareceu, pois estava em compromisso na Europa, e a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, permaneceu somente 15 minutos no encontro, delegando o restante do debate para assessores e outros representantes da reitoria, conforme apontaram os presentes na ocasião em relato ao site da Adusp (Associação de Docentes da Universidade de São Paulo).

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Agora a próxima reunião com a reitoria está marcada para quarta-feira (4). Na quinta-feira (5), os estudantes realizam protesto na Avenida Paulista, em frente ao MASP, em ato que deve ser direcionado para a Praça Roosevelt, cerca de 2,5 Km de distância.

Nesta terça-feira (3), os estudantes estiveram em protesto de apoio à greve dos trabalhadores da Sabesp, Metrô e CPTM, contrários ao projeto privatista das companhias encampado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Reivindicações

De acordo com o Comando Geral de Greve, a pauta dos estudantes não chegou a ser apresentada na íntegra para a reitoria, que “empacou” o debate, segundo Amanda Coelho Marzall (Mandi), diretora do centro acadêmico de Letras (CAELL), presente na reunião.

As propostas que os estudantes devem levar novamente para a próximo encontro são divididas em cinco eixos e 23 pontos, passando pelo principal motivo das reivindicações que é a falta de professores até medidas sobre permanência estudantil e avanços no vestibular.

Segundo a Adusp, o quadro de docentes teve perda de mais de mil professores, uma redução de 17,56% desde 2014. 

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No entanto, somente 12 pontos conseguiram ser abordados no debate do dia 28. Confira as reivindicações do movimento estudantil da USP:

5 Eixos

  • Contratação de docentes;
  • Permanência estudantil;
  • Campus da EACH;
  • Vestibular indígena;
  • Direitos democráticos dos estudantes.

12 pontos já apresentados

CONTRATAÇÃO DE DOCENTES

  • Retorno do gatilho automático para contratações (para automatizar novas contratações em decorrência de morte, aposentadoria ou exoneração);
  • Fim do edital de mérito (concorrência);
  • Contratação de 1683 docentes para alcançar o patamar de 2014, conforme levantamento da Adusp. (Contudo, o número ainda não é suficiente para algumas áreas, como a EACH, que nunca teve a quantidade suficiente de professores).

PERMANÊNCIA ESTUDANTIL

  • Aumento da bolsa PAPFE para 1 salário mínimo estadual (R$ 1550) e pagamento retroativo das bolsas canceladas;
  • Volta do critério socioeconômico da bolsa PUB;
  • Bandejão em todas as refeições nos finais de semana e melhorias do CRUSP.

CAMPUS DA EACH

  • Implementação do Plano Diretor;
  • Auxílio Manutenção EACH.

VESTIBULAR INDÍGENA

  • Realizar a FUVEST em regiões de grande demanda do ensino superior por pessoas indígenas, como já é feito na UNICAMP;
  • Criação de um Conselho Indígena da USP.

DIREITOS DEMOCRÁTICOS DOS ESTUDANTES

  • Não permitir a retaliação aos estudantes que participam da greve: faltas e avaliações;
  • Garantia de reposição de aulas.

Docentes

Em diversas unidades os docentes aderiram à greve. Na assembleia geral da Adusp, realizada na segunda (2), os docentes organizados pela associação mantiveram a paralisação, com indicativo de greve, até nova reunião a ser realizada na quinta (5), às 16 horas.

Na deliberação ficou acertado ainda o apoio aos atos dos estudantes, assim como a participação na reunião junto à reitoria, além de solicitar uma reunião própria à direção da universidade com a Adusp e uma moção de repúdio a qualquer criminalização do movimento estudantil e sindical.

*Com informações Adusp e Caell