Assessores de Bolsonaro movimentam R$26 milhões de forma atípica
As informações constam de documentos enviados em conjunto com a Receita Federal e foram enviados à CPI dos Atos Golpistas
Publicado 21/09/2023 10:53 | Editado 22/09/2023 07:31
Relatórios de movimentações financeiras apontam que assessores de o ex-presidente Jair Bolsonaro movimentarem R$26,3 milhões entre 2020 e 2023. As contas foram avaliadas Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) como atípicas.
As informações constam de documentos enviados pelo Coaf e pela Receita Federal à CPI dos Atos Golpistas. Segundo os órgãos, os recursos são incompatíveis com patrimônio, atividade econômica ou ocupação profissional e capacidade financeira dos suspeitos.
De acordo com o levantamento feito polo G1, Mauro Cid e seu pai, Mauro César Lourena Cid, movimentaram R$13,5 milhões e R$5 milhões, respectivamente. A receita mensal de ambos, no entanto, é de R$23.896,43 e R$17.152,89, respectivamente.
Para atingir tamanha quantia em dinheiro, o tenente-coronel Mauro Cid teria que acumular seu salário durante 564 meses, ou 47 anos, enquanto seu pai, não poderia gastar seus rendimentos mensais durante 710 meses, ou 59 anos.
São investigados os ex-ajudantes de ordens Mauro Cid, Luis Marcos dos Reis, Osmar Crivelatti, Luiz Antonio Gonçalves de Oliveira, Jairo Moreira da Silva, Adriano Alves Teperino, além do pai de Mauro Cid, Mauro César Lourena Cid, gerente do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami.
Suspeito | Cargo na gestão Bolsonaro | Valor movimentado | Receita mensal | Período analisado |
Mauro César Barbosa Cid | Ex-ajudante de ordens | R$ 13.500.000,00 | R$ 23.896,43 | 2020 a 2023 |
Luis Marcos dos Reis | Ex-ajudante de ordens | R$ 5.000.000,00 | R$ 7.041,93 | 2020 a 2023 |
Mauro César Lourena Cid | pai de Mauro Cid e gerente do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami | R$ 3.900.000,00 | R$ 17.152,89 | 2021 a 2023 |
Osmar Crivelatti | Ex-ajudante de ordens | R$ 2.600.000,00 | R$ 15.072,58 | 2021 a 2023 |
Luiz Antonio Gonçalves de Oliveira | Ex-ajudante de ordens | R$ 582.600,00 | R$ 4.994,28 | 2022 a 2023 |
Jairo Moreira da Silva | Ex-ajudante de ordens | R$ 453.300,00 | R$ 7.173,12 | 2022 a 2023 |
Adriano Alves Teperino | Ex-ajudante de ordens | R$ 268.000,00 | R$ 12.952,33 | 2022 |
Antonio Braga Firmo Ferreira | Tio de Michelle Bolsonaro | R$ 131.000,00 | 2022 a 2023 | |
Maria Helena Graces de Moraes Braga | Tia de Michelle Bolsonaro | R$ 95.200,00 | 2022 a 2023 |
Familiares da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro também foram flagrados com movimentações suspeitas. Antonio Braga Firmo Ferreira e Maria Helena Graces de Moraes Braga, tios de Michelle, movimentaram R$131 mil e R$95,2 mil, respectivamente.
O Coaf suspeita que as movimentações sejam fruto de lavagem de dinheiro, uma vez que os saques eram realizados em dias úteis e em valores inferiores aos limites estabelecidos. Essa seria, segundo o órgão, uma forma de dissimular o valor total da operação.
Além disso, de acordo com os documentos, as contas entre os assessores se comunicavam através de transferências. São inúmeros casos transações entre os próprios ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro. No total, as transferências entre essas pessoas somaram 171,4 mil reais.