CPMI do Golpe vai avaliar retenção de passaportes de Bolsonaro e Michelle

O pedido para reter os passaportes foi feito pelos deputados Rogério Correia (PT-MG) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que são membros titulares do colegiado

Sessão da CPMI do Golpe (Fotos: Pedro França/Senado)

Pela primeira vez reunida após a operação da Polícia Federal (PF) que revelou o escândalo da venda de joias envolvendo o ex-presidente, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe, pode votar nesta terça-feira (15) um pedido para que sejam retidos os passaportes de Bolsonaro e da ex-primeira dama Michelle.

A PF investiga o desvio de kits de joias, relógios, estátuas douradas e outros bens valiosos que deveriam integrar o patrimônio da União, mas que foram contrabandeados e vendidos nos Estados Unidos por militares no entorno de Bolsonaro.

O pedido para reter os passaportes foi feito pelos deputados Rogério Correia (PT-MG) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que são membros titulares do colegiado.

“Em decorrência das graves denúncias até o momento, a medida visa evitar que saiam em fuga do país com as joias roubadas do acervo nacional. Para quem já tentou vender um Rolex, todo cuidado é pouco! Com a operação e revelações, aumentam os elementos para a prisão preventiva de Bolsonaro”, avaliou Jandira.

A deputada ironizou dizendo que “as joias estão custando caro”. “A Policia Federal já vê elementos para indiciar Michelle Bolsonaro no caso das joias. Os dados bancários da ex-primeira dama dirão se ela foi ou não beneficiária dos desvios de bens públicos. Os indícios apontam para os crimes de peculato e lavagem de dinheiro. Enquanto isso, o nome do advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef (aliás, procura-se), está no recibo da recompra de um relógio Rolex desviado e recuperado nos Estados Unidos. Quem será o primeiro a inaugurar a prisão?”, escreveu a líder do PCdoB no X [antigo Twitter].

“Apenas dizer que na terça-feira (15) nós vamos também tentar, assim como a Polícia Federal já solicitou, a quebra de sigilo bancário do Bolsonaro e da ex-primeira dama, bem como a retenção do passaporte do ex-presidente e da Michelle, para que a gente possa fazer as investigações e eles permaneçam no Brasil”, ressaltou o deputado Rogério. “CPMI do Golpe vai pegar fogo”, previu.

Depoimentos

Nesta terça-feira (15/8), a CPMI vai ouvir o fotógrafo da agência internacional de notícias Reuters Adriano Machado e, na quinta-feira (17), o hacker Walter Delgatti Neto, preso desde o último dia 2, suspeito de invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O depoimento do hacker é considerado um dos mais importantes. Ele contou à PF que foi contratado pela deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) para invadir o CNJ, as urnas eletrônicas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o e-mail do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Além disso, ele foi levado pela parlamentar até Bolsonaro que lhe questionou sobre a possibilidade de invadir as urnas.

“Essa oitiva é muito importante. Ela trata da tentativa de violação das urnas eletrônicas para constituir o argumento de que poderia haver fraude na eleição, que era a base para a tese de intervenção militar ou de ruptura democrática. O Walter Delgatti foi um dos instrumentos utilizados por bolsonaristas para consolidar essa tese golpista”, disse o senador Rogério Carvalho (PT-SE).

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