Morrem as divas da bossa e do samba, Leny Andrade e Doris Monteiro

Ambas marcaram a bossa nova com suas vozes, mas Leny ficou conhecida como jazzista e Doris como sambista.

A segunda-feira amanheceu menos ensolarada sem as vozes de Leny Andrade e Doris Monteiro, ambas cantoras da bossa nova, passando por outros gêneros. Leny tinha 80 anos e havia sido internada recentemente com insuficiência respiratória. Doris partiu aos 88 de “causas naturais”. 

Leny Andrade, uma das grandes vozes da música brasileira, nasceu em 1943 no Rio de Janeiro. Sua carreira musical abrangeu várias décadas e estilos, desde a bossa nova até o jazz e a música popular brasileira. Com sua voz poderosa e interpretação única, ela encantou plateias em todo o mundo. Sua versatilidade e talento a tornaram uma referência no cenário musical do Brasil.

Seu seu primeiro LP, A Sensação, foi lançado em 1961. E o sucesso veio em 1965, com o espetáculo Gemini V, com Pery Ribeiro e o Bossa Três. O show no Porão 73 teve tanto impacto que teve três gravações ao vivo diferentes lançadas, inclusive no México. Morou muito tempo no México, EUA e Europa e foi comparada a Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald.

Ao longo de sua carreira, Leny lançou 34 discos, ganhou o Grammy Latino em 2007 e dividiu o palco e gravou álbuns com artistas como Paquito D’Rivera, Luiz Eça, Dick Farney, João Donato, Eumir Deodato e Francis Hime. Entre seus maiores sucessos estão Batida diferente e Estamos aí

Rouxinol

Dóris Monteiro, também conhecida como a “Rouxinol do Samba”, nasceu em 1934, no Rio de Janeiro. Embora também tenha feito sucesso com a bossa nova, como Leny, o fato de nascer uma década antes, a aproximou do cancioneiro dramático dos vozeirões do samba canção da primeira metade do século. Dóris é um retrato vocal da transição do velho para o novo na metade do século.

Sua voz doce e cativante conquistou o público desde o início de sua carreira. Dóris foi uma das principais intérpretes de samba e bossa nova, e sua contribuição para a música brasileira foi notável. Ela deixou um legado musical inesquecível e inspirou gerações de artistas.

Ganhou projeção nos anos 1960 e 1970, recebendo a alcunha de “Diva do Sambalanço”. Ao longo dos mais de 70 anos de carreira, Doris Monteiro gravou mais de 50 discos, interpretando canções de inúmeros compositores como Tom Jobim, Sidney Miller, Billy Blanco, Noel Rosa e Fernando César.

O canto e a beleza de Dóris a levaram ao cinema a partir de 1953, quando estrelou o longa “Agulha no palheiro”, de Alex Viany. Ela também cantou a música-tema do filme, que lhe valeu o prêmio de melhor atriz do ano. Seguiram-se outros sete filmes, como “Copacabana Palace”, uma produção italiana dirigida por J. Teno, com participação de Tom Jobim (como ator), além de João Gilberto e Luiz Bonfá.

Em 2004, em comemoração aos seus 70 anos de idade, Doris Monteiro foi presenteada pelas gravadoras Universal e EMI com o relançamento em CD de 12 de seus melhores LPs (que só podiam ser encontrados em catálogo no Japão). Na ocasião, ela fez dois shows de lançamento no Bar do Tom, em Ipanema. 

Doris Monteiro esteve ativa até 2022, no Teatro Riachuelo (RJ), junto com as amigas Claudette Soares e Eliana Pittman, no show do álbum conjunto “As divas do sambalanço” (2019), que teve a turnê interrompida pela pandemia.

Ambas as cantoras, com talentos únicos e estilos distintos, deixaram uma marca indelével na música brasileira e continuarão sendo lembradas por sua arte e paixão pela música.

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