MPF vai investigar pastor Valadão por homofobia

Durante o culto “Deus odeia o orgulho”, pastor atacou a população LGBTQIA+ e disse que, “se pudesse” ele “matava tudo”

O pastor André Valadão | Goto: reprodução/redes sociais

O Ministério Público Federal (MPF) no Acre abriu procedimento para apurar crime de homotransfobia praticado pelo pastor André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, durante o culto “Deus odeia o orgulho”, trasnmitido pelas redes sociais em 4 de junho. O procurador Lucas Costa Almeida Dias, responsável pela Procuradoria dos Direitos do Cidadão (PRDC), abriu a investigação após tomar conhecimento por jornais que divulgaram um vídeo do caso.

O MPF irá apurar a possível prática de homofobia nas falas do pastor que, durante a pregação, aborda os “valores cristãos” e condena o casamento homoafetivo. O culto ocorreu no campus da igreja em Orlando, nos Estados Unidos.

Na ocasião, Valadão disse: “essa porta [casamento homoafetivo] foi aberta quando nós tratamos como normal aquilo que a bíblia já condena. Então, agora é hora de tomar as cordas de volta, dizendo não, não, não. Pode parar, reseta. E Deus fala: Não posso mais. Já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, eu matava todo mundo a começava tudo de novo. Mas, prometi para mim mesmo que não posso, então, está com você. Você não pegou o que eu disse: agora está com você. Eu vou falar de novo: está com você (…) Eu e minha casa serviremos ao Senhor”.

“Eu preciso odiar o pecado, eu preciso odiar a impureza sexual, eu preciso ter ódio daquilo que Deus não criou de forma natural, eu preciso ter nojo, eu preciso romper na minha vida, não deixar que isso entre na minha casa, na mente dos meus filhos, no meu casamento, eu não posso tratar com naturalidade aquilo que Deus repugna”, continuou.

Após a apuração dos fatos, o MPF tomará as medidas cabíveis. O órgão destacou a importância de investigar possíveis casos de homofobia, visando a proteção dos direitos dos cidadãos.

Pastor se defende

Após a repercussão do caso, Valadão publicou um vídeo em suas redes sociais, dizendo que estava pregando a palavra de Deus em sua igreja. Ele explicou que suas falas estavam inseridas no contexto bíblico do livro de Gênesis, que menciona a destruição da humanidade no dilúvio. Valadão afirmou que, ao mencionar a palavra “resetar”, referia-se a “levar a humanidade de volta para Deus”.

“Quando eu digo ‘nós ressetarmos’, eu não digo nós matarmos. Eu não digo nós aniquilarmos pessoas. O que eu digo é que cabe a nós levar o homem, o ser humano ao princípio que é a vontade de Deus. Cabe a nós, cristãos genuínos, erguermos nossa voz e deixarmos claro aquilo que é a vontade de Deus”, declarou.

O MPC acreano reiterou que, independentemente da interpretação dada pelo pastor, é fundamental investigar e esclarecer se houve a prática de homofobia nas declarações, levando em consideração o respeito aos direitos e à dignidade de todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual.

O desfecho da investigação ainda está por ser definido, mas o MPF reafirma seu compromisso de adotar as medidas necessárias para salvaguardar os direitos dos cidadãos e promover a igualdade e o respeito à diversidade.

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com agências
Edição: Bárbara Luz

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