Humores Mutantes

Apesar dos desafios, indicadores positivos e perspectivas promissoras que apontam para um futuro de mudanças e melhorias no governo.

Fachada do Congresso Nacional | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Faz um pouco mais de 15 dias. O Congresso aprovava a Medida Provisória. A Reforma Administrativa passa, mas com profundas alterações. Mudanças que interferem na concepção do modelo de gestão idealizado. É anunciada a hecatombe.

Não passaram seis meses. O Governo está entregue. Ou faz o que o Centrão exige, ou nada conseguirá. Está nas mãos do Congresso e seus interesses. Discurso que se propaga. Posição assumida por muitos. Difícil ver saída. Era o tema dos formadores de opinião, das principais mídias.

O tempo é medida variável e esclarecedora. Uma semana pode trazer um mês, um ano de transformações, pode apresentar cenários que são o reverso da moeda.

Não se nega que muito há a negociar. Não se nega que houve e haverá erros na condução dos processos. Difícil não notar a necessidade de fazer concessões, de entender que o país mudou sua direção graças a uma frente ampla que envolve visões e desejos díspares. Não ter isso em mente pode levar a confrontos indesejáveis, a situações difíceis de controlar.

Uma semana se passou e dados começam a surgir.

O PIB, Produto Interno Bruto cresce muito além do que todos os especialistas apontavam. Verdade, puxado pelo setor primário, pelas commodities, mas com bons sinais também para o setor empregador dos serviços. Cresce, no trimestre quase 2%, sendo que comparado ao mesmo período de 2022, mais de 4%.

A inflação bem controlada para todas as faixas de renda, apontando para uma estabilidade que foi considerada impossível pelos homens de mercado. O desemprego ainda preocupante, mas com indicações que poderá em curto prazo ter desaquecimento.

Os programas sociais começam a dar sinais. O Bolsa Família reestruturado e bem direcionado permite um aumento de renda das famílias que têm dependentes menores. O programa de habitação popular passa no Congresso e pode ser expandido para a classe média baixa e média. O Farmácia Popular é retomado dando um alívio para a população carente. Até o carro popular é pensado, mas expandido para o que realmente interessa, o transporte coletivo e o de cargas.

Na área ambiental e dos povos originais, apontada como o grande fracasso das tratativas deste governo, parece que se esqueceu que a função não é de um ou dois ministérios, mas sim, é a marca maior que se quer implantar para esta gestão.

A resposta veio rápida. Com veto presidencial para sandices para a Mata Atlântica e programa ousado para a Amazônia se afirma o compromisso. Resultados começam a aparecer com diminuição do desmatamento, com maior fiscalização, com restrições rigorosas ao garimpo ilegal. Empodera-se os Ministérios, não pela sua atuação específica apenas, mas dando-lhes a coordenação das atividades que lhe são próprias.

As reformas começam a passar. Não sem uma negociação difícil e necessária. O Arcabouço Fiscal passa na Câmara e está sendo aperfeiçoado no Senado. Com muita celeridade. Retira-se o FUNDEB, o sustentáculo da educação de base, do limite imposto, importante para melhorar nossos índices em setor tão estratégico. A Reforma Tributária avança nas discussões e aponta para uma negociação viável.

Dados do setor externo mostram que as exportações de bens e serviços cresceram quase 7%, enquanto as importações também tiveram uma alta de um pouco mais de 2%, no primeiro trimestre. Sinal de nossa volta à inserção com relevância no comércio internacional.

Na área econômica têm-se os frutos desejados. Todos os avanços prometidos na área social são encaminhados.

Não se é ingênuo acreditando que os embates na área política são desprezíveis. São importantes e se deve chegar a posições que permitam o avançar desejado. Mas, sem concessões que desfigurem o projeto ou que mostrem fraqueza que leve a situações parecidas com o famigerado Orçamento Secreto em que o País perdia o controle e transparência dos gastos públicos.

Tudo a seu tempo. Um avanço resolver o problema dos cargos de segundo e terceiro escalão. Postergar mudanças ministeriais para não tomar atitudes açodadas ou ser ingrato com parceiros que foram fieis, também, é posição de cautela desejável. Procurar prestigiar possíveis aliados com ações que lhes dêem visibilidade em suas bases eleitorais parece ser conveniente. Sem, contudo, entrar no jogo de barganha financeira tão desejada por parte das elites de nossa nação.

Começa-se a questionar se realmente o governo teria acabado. A morte prematura anunciada não se sustenta. Há muito a evoluir, não se têm dúvida. Mas, decretar o fim de um projeto de resgate da dignidade do País é, no mínimo, prematuro e inoportuno. Mudanças são necessárias, sem dúvida, mas mantendo o rumo.

Como todo o início de qualquer governo, a agilidade não é característica observável. É necessário tomar o pé da situação e, principalmente, corrigir rumos que foram inadequados. Evidentemente, o tempo passa mais rápido do que se deseja. No entanto, essa base inicial pode dar sustentação ao caminhar mais sólido e eficiente.

O processo está começando. Se de uma semana para outra, pode-se observar mudanças de humor até na grande imprensa, passando do pessimismo exagerado ao crer em êxito possível, se é notado que indicadores vão na direção de melhorias realizáveis, mas ainda não consolidadas, não há razão para se manter  uma posição pessimista quanto ao futuro que teremos.

Sem contudo deixar de alertar para mudanças necessárias, manter a confiança e o riso de alegria daqueles que vem um futuro melhor, aproveitar a mudança de humor, conselho aos que querem que se concretize tudo que idealizamos.

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