Pesquisa mostra que 80% dos brasileiros apoiam regulação das redes
Levantamento feito em maio pelo DataSenado confirma resultado trazido por outras pesquisas, indicando que regramento do espaço digital tem amplo apoio da sociedade
Publicado 05/06/2023 15:25 | Editado 06/06/2023 11:19
Apesar de todo empenho das empresas de tecnologia e da extrema-direita para desconstruir o Projeto de Lei 2630, conhecido como PL das Fake News, a grande maioria dos brasileiros, 80%, é favorável à criação de uma lei para regular o ambiente digital como forma de diminuir a propagação de notícias falsas. O dado foi revelado em pesquisa feita pelo DataSenado.
Esse percentual vai ao encontro do resultados obtidos por outros levantamentos recentes. De acordo com pesquisa feita pela Atlas Intel e divulgada no final de abril, 78% tinham essa mesma opinião. Em outra, feita pela MDA a pedido da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), 51% dos entrevistados disseram ser necessária a regulação ou controle da comunicação em aplicativos de mensagens, sites e plataformas com mecanismos de busca.
Outro dado trazido pelo DataSenado é que 91% acreditam que as redes sociais influenciam muito a opinião das pessoas e o mesmo percentual foi obtido para a afirmação de que notícias falsas trazem risco à sociedade.
Além disso, a pesquisa mostrou que 72% dos brasileiros estão muito preocupados com a quantidade de notícias falsas divulgadas nas redes sociais — 20% se dizem pouco preocupados e 7% alegam não se preocupar.
Também foi constatado que 58% concordam ser fácil saber quais notícias são verdadeiras e quais são falsas, mas 38% discordam, dado que revela que muita gente pode acreditar no que está lendo por não saber distinguir o que é falacioso.
Do ponto de vista ideológico, a pesquisa também é reveladora: “enquanto 91% das pessoas que se consideram de esquerda são a favor da criação de uma lei de combate às fake news, a taxa de aprovação cai para 67% dentre as pessoas que se consideram de direita. Dentre os posicionados ao centro ou que não tem posicionamento político, a taxas de aprovação são, respectivamente, 83% e 86%”, explica o DataSenado.
A pesquisa foi feita em parceria com o senador Angelo Coronel (PSD-BA), que foi relator do PL das Fake News no Senado. Ao todo, foram ouvidas 2.068 pessoas, por telefone, entre os dias 9 e 10 de maio.
O projeto, de 2020, já havia sido aprovado no Senado e iria ser submetido ao plenário da Câmara no dia 2 de maio após aprovação do regime de urgência, mas foi adiado após uma onda de ataques das big techs e de setores da direita que tentaram passar a ideia de que o projeto representaria censura, criando dificuldades à votação.
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A matéria, no entanto, não estabelece nenhum tipo de cerceamento à liberdade de expressão — apenas cria regras para responsabilizar as empresas de tecnologia e regular as redes, a fim de evitar seu uso de maneira criminosa e prejudicial à sociedade, como vem acontecendo.
Após o adiamento, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do projeto, declarou: “Eu fiz um apelo ao presidente (da Câmara) para retirar de pauta porque considero que, depois da aprovação do regime de urgência, o processo entrou em uma outra fase e (recebeu) muitas propostas de emenda, o que exige que nós tenhamos um pouco mais de tempo para examinar e produzir um texto mais convergente aqui na Casa”. Até o momento, não há data marcada para retomar a votação.
Já o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá julgar, na segunda quinzena deste mês, um conjunto de ações sobre moderação e responsabilidade das empresas de tecnologia em relação a conteúdos publicados nas redes sociais.
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Com informações da Agência Senado