Alemanha em recessão técnica aponta “perspectiva sombria” para Europa
Mais: Moscou inicia transferência de armas nucleares táticas à Bielorrússia / China adverte sobre uso de IA / Direita (EUA) desvia milhões de dólares, entre outras notas.
Publicado 26/05/2023 13:45 | Editado 29/05/2023 07:45
A Alemanha entrou em recessão técnica no primeiro trimestre de 2023, após a segunda contração consecutiva do seu produto interno bruto (PIB). As bolsas de valores caíram por toda a Europa com a notícia. O PIB da principal economia europeia caiu 0,3% no período janeiro-março face aos três meses anteriores, depois de ter contraído 0,5% entre outubro e dezembro segundo dados corrigidos de sazonalidade divulgados nesta quinta-feira (25) pelo instituto estatístico Destatis. O presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro (Corecon-RJ), Marcelo Fernandes, explica aos leitores da Súmula Internacional que recessão técnica é determinada justamente pelo índice negativo do PIB por dois trimestres seguidos, enquanto a recessão leva em conta também outros fatores, como índice de desemprego etc. No entanto, a notícia sobre a recessão técnica da Alemanha ocorre em um contexto de queda da produção industrial, inflação e altas taxas de juro. A indústria alemã, há muito dependente do gás russo, foi duramente atingida no ano passado depois que medidas punitivas impostas a Moscou, devido ao conflito na Ucrânia, cortaram o fornecimento e os preços dispararam. Vários indicadores econômicos do mês de março parecem acabar com a ilusão de que a Alemanha estava “resistindo melhor do que o esperado”, como afirmavam alguns economistas. A produção industrial, central no modelo econômico alemão, caiu 3,4% em relação a fevereiro. Da mesma forma, a produção de veículos caiu 6,5% e a construção contraiu 4,6%. As encomendas industriais igualmente caíram acentuadamente em março, com queda de 10,7% em relação a fevereiro. As exportações, essenciais para este setor, caíram 5,2%. Tudo isto num contexto de queda do consumo interno, devido à inflação, que se mantém muito elevada para os padrões alemães, acima dos 7%. Apesar de tudo isto, o governo alemão prevê uma recuperação progressiva da atividade ao longo do ano e um crescimento de 0,4% para todo o ano de 2023. “As perspectivas para a economia alemã são muito boas, estamos superando os desafios que enfrentamos“, disse o chefe de governo, Olaf Scholz, a repórteres.
Dilermando Toni discorda de Scholz: “As perspectivas são sombrias para a Alemanha (e para a Europa)”
Discordando do otimismo do chefe do governo alemão, o jornalista e atento estudioso da realidade internacional, Dilermando Toni, fez, a pedido desta coluna, a seguinte avaliação: “não é coisa de menor importância que uma das maiores economias do mundo e a maior da Europa entre em recessão. Recessão causada pela adesão incondicional do país à política dos EUA contra a Rússia, inclusive por meio de sanções que afetam fortemente a própria indústria alemã. E o que é pior: diferentemente do que aconteceu depois da crise de 2008 e pós crise causada pela pandemia, os cenários de retomada para a Alemanha são sombrios. Embora a China vá dando mostras importantes de recuperação, os EUA devem entrar em recessão em curto prazo. Aliás, segundo um relatório do Deutsche Bank, divulgado no último domingo (21), a chance de recessão nos EUA é de 100%. E para piorar mais ainda, o Banco Europeu vem adotando uma política de aumento na taxa de juros, inibindo o consumo, o que é particularmente ruim para uma economia altamente industrializada como a alemã. Enquanto a economia russa mostra claros sinais de recuperação, apresentando índice positivo de crescimento em 2023, a política dos americanos e da OTAN jogou a Europa em uma situação de extrema dificuldade. No fim, quem paga o pato é o povo trabalhador europeu. Em relação especificamente a Alemanha, eu não tenho os dados detalhados, mas pelo que vi, o consumo cai justamente em itens essenciais como alimentação, vestuário e moradia. Seguir os EUA não é um bom negócio para a Europa atualmente”. Quem concorda com Dilermando é a economista sênior para Europa da empresa de pesquisa econômica “Capital Economics”, Franziska Palmas: “Esperamos mais fraqueza daqui em diante”, projeção que ela estende para a zona do euro como um todo.
Moscou inicia transferência de armas nucleares táticas à Bielorrússia
Segundo informam agências de notícias, o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, declarou nesta quinta-feira que a Rússia já começou a mover armas nucleares táticas para o território do seu país. As armas nucleares táticas seriam – em comparação com as estratégicas – menos potentes e teriam alcance mais reduzido, menos de 500 km. De acordo com a definição usual, armas nucleares táticas encerram batalhas, enquanto armas nucleares estratégicas acabam com a guerra, juízo polêmico. O jornal O Globo, em sua edição desta sexta-feira (26) cita a declaração, feita em 2018, pelo então secretário de Defesa dos EUA, James Mattis: “não há ‘armas nucleares táticas’. Qualquer arma nuclear usada a qualquer momento muda o jogo estrategicamente”. De toda maneira, a transferência de armas nucleares táticas para o território da Bielorrússia é um claro recado do Kremlin à Otan e a sua insensata promoção da escalada bélica visando o prolongamento do conflito na Ucrânia. Os EUA têm cerca de 100 instalações com armas nucleares na Europa, em bases na Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia. Existem ainda, embora não admitidas oficialmente, armas nucleares estadunidenses em Israel.
China adverte sobre uso de IA em fraude e difamação
A agência EFE reporta que a Internet Society of China (ISC) emitiu, nesta quarta-feira (24), um alerta sobre o uso crescente de tecnologias de síntese profunda, como mudança de rosto e voz com inteligência artificial (IA), que está levando a “um aumento em atividades ilegais como fraude e difamação”. O comunicado da ISC destaca um caso de fraude na rede de telecomunicações descoberto pelas autoridades de Baotou, cidade da Mongólia Interior, onde os criminosos usaram tecnologia de IA para sintetizar vozes e mudar rostos para cometer golpes. Os bandidos usaram essa tecnologia para falsificar a voz de uma pessoa específica por meio de síntese de som, mudar rostos usando IA, fingindo ser uma pessoa específica e fazendo videochamadas com outras pessoas em tempo real, com o objetivo de ganhar a confiança da vítima e cometer fraude. Diante desse cenário, o ISC enfatiza a importância da adoção de medidas de segurança pessoal contra novas formas de golpes que utilizam a tecnologia de IA, como: proteger as informações pessoais, evitar o download de software desconhecido e administrar cuidadosamente o círculo social online. Da mesma forma, as pessoas são aconselhadas a realizar várias verificações ao fazer transferências de dinheiro e não confiar apenas na comunicação por mensagens ou telefonemas.
EUA: Direita desvia milhões de dólares em campanhas de arrecadação por telefone
Uma reportagem do jornalista investigativo do New York Times, David A. Fahrenthold, publicada no dia 14/5, revelou que um grupo de agentes republicanos usou robocalls para arrecadar dinheiro em nome de pautas conservadoras envolvendo veteranos, policiais e bombeiros. Robocalls é uma chamada feita por um software capaz de realizar milhões de ligações todos os dias, veiculando mensagens pré-gravadas. O grupo contratou três consultores republicanos para ajudar a armar a arapuca: Johw W. Connors (recebeu US$ 1 milhão pela consultoria), Kyle Maichle (recebeu US$ 876 mil) e Simon Lewis (recebeu US$ 839 mil). E a coisa deu tão certo que desde 2014 eles arrecadaram US$ 89 milhões. Deste total, apenas 0,92% destinou-se a campanhas com os temas moralistas propostos. Do restante, uma parte foi usada para pagar os custos do próprio serviço e o grosso terminou no bolso dos “cidadãos de bem”, defensores da família, da moral e dos bons costumes. A reportagem informa ainda que em campanhas de arrecadação promovidas por entidades sérias, apenas 8% da receita é destinada para pagamentos operacionais e reinvestimento em novas campanhas.
Tropas turcas, “no momento”, permanecerão na Síria, diz Ancara
O governo turco reafirmou nesta quarta-feira sua recusa em retirar “neste momento” as tropas que mobilizou em território sírio para combater as milícias curdas. Foi uma resposta a Damasco, que fez essa exigência como condição para a normalização das relações entre os dois países vizinhos. Em declarações publicadas pelo jornal Hürriyet, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavusoglu, deixou clara a posição de Ancara. “Eles (os sírios) dizem que as tropas turcas devem se retirar da Síria (…) Nossa resposta é a seguinte: nossa retirada significa que organizações terroristas irão ocupar esta região“, disse o chefe da diplomacia turca. Ele se referia às milícias curdas sírias YPG, que Ancara considera terroristas por causa de seus laços estreitos com o banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda que atua na Turquia. “Ao estarmos na região, evitamos um corredor terrorista na Síria, ao mesmo tempo em que garantimos a fronteira síria e a integridade territorial“, disse Çavusoglu. Ele afirmou que o presidente sírio, Bashar al Asad, concorda que é uma ameaça a presença das organizações PKK/YPG no norte do país. “A Turquia não tem outra intenção em território sírio senão combater as milícias curdas e apoiar a unidade política e a integridade do país árabe”, declarou. O ministro insistiu que a presença de tropas turcas no norte da Síria também beneficia Damasco, admitindo que se Damasco vier a controlar a zona, a presença turca já não será necessária. Informações da agência EFE.
Lula conversa com Xi Jinping e Vladimir Putin
O presidente Lula conversou com o líder chinês, Xi Jinping, por ligação telefônica, nesta quinta-feira, sobre a questão de alcançar a paz na Ucrânia, Brics, entre outros temas. A informação foi prestada pelo próprio presidente Lula, em publicação feita nesta sexta-feira na rede social Twitter: “Ontem conversei por telefone com o Presidente da China, Xi Jinping. Falamos sobre a conjuntura global, a necessidade da paz na Ucrânia, a participação dos nossos países na cúpula dos BRICS em agosto. E sobre nossa parceria estratégica em âmbito bilateral”. Em abril, Lula visitou a China e assinou diversos acordos bilaterais nas áreas de comércio, investimento, economia digital e inovação tecnológica. Sobre a Ucrânia, Lula e Xi Jinping defendem em comum um cessar fogo imediato e negociações de paz sem pré-condições. Com o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, Lula conversou nesta sexta-feira. Putin estava em meio a uma reunião com uma organização russa de empresários chamada “Delovaya Rossiya” e interrompeu o encontro para atender o presidente brasileiro. Além de questões envolvendo a parceria econômica entre os dois países, Lula informou que durante a conversa telefônica de hoje com Putin “reiterei a disposição do Brasil, junto com a Índia, Indonésia e China, de conversar com ambos os lados do conflito em busca da paz”.