Manifestantes protestam em Hiroshima: G7 é a causa da guerra
A polícia agia para conter, empurrar e até tirar pessoas da multidão. Houve prisões arbitrárias. Manifestantes dizem que a cúpula agrava a guerra.
Publicado 19/05/2023 17:15 | Editado 22/05/2023 11:44
Centenas de cidadãos japoneses foram às ruas na cidade japonesa de Hiroshima na quinta-feira (18) para protestar contra a cúpula do Grupo dos Sete (G7) iniciada nesta sexta-feira na cidade. Os manifestantes se reuniram perto do Parque Memorial da Paz em Hiroshima, gritando slogans como “Conferência sem tema de guerra” e “G7 é a causa da guerra”.
Este ano, o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, que ocupa a presidência rotativa do G7, escolheu sediar o encontro do G7 em Hiroshima. O G7 é formado pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Itália, França, Alemanha, Canadá e Japão.
Manifestantes de outros países também compareceram, e se reuniram no Parque Funairi Daiichi de Hiroshima, não muito longe do local da cúpula, para condenar o bloco que aponta o dedo e impõe sua própria versão da ordem mundial.
O número de policiais nas ruas parecia superar os manifestantes, disse o correspondente. Os policiais estavam exercendo contenção, mas houve casos em que os manifestantes foram empurrados pelas costas para acelerar ou foram arrancados da multidão. Os manifestantes, por sua vez, se acorrentaram e continuaram seu caminho pelas ruas em filas.
No local, enormes faixas e cartazes diziam “Junk G7” (lixo G7), “No Build-up to War” (Sem preparação para a guerra) e “No to Japan-US Military Alliance” (Não para a Aliança Militar Japão-EUA), entre muitos outros, escritos em vários idiomas, incluindo japonês, inglês e coreano.
Multidões de manifestantes se reuniram em torno do local da cúpula, entoando slogans como “Imperialistas americanos, terrorista número um!” “Pare com as mentiras!” “Pare a Guerra!” “Pare a Aliança QUAD!” (aliança de países anti-China) e “Pare a Aliança da OTAN!”
Entre os manifestantes estava Cody Urban, membro de um grupo cívico anti-guerra dos EUA, que disse que a cúpula do G7 liderada pelos EUA é “uma cabala das nações ricas” que cria tensões.
“É importante para nós, como americanos, vir aqui e dizer que nosso povo não está na mesma página com o governo dos EUA”, disse o homem de 32 anos que viajou desde sua cidade natal no estado americano de Oregon.
“Estamos unidos contra a agenda do G7, pois sua agenda é para os governos ricos. Não é uma agenda para paz e estabilidade”, afirmou.
“Os países do G7, ao monopolizarem 44% da riqueza mundial com 10% da população global, estão destruindo o planeta e o futuro”, observou o folheto do organizador do protesto.
Acrescentou que a cúpula do G7 interfere arbitrariamente nos assuntos mundiais e está provocando várias crises relacionadas à mudança climática, escassez de alimentos, aumento dos preços da energia, guerras e pobreza.
“A cúpula do G7 nada mais é do que apenas uma maquinação imperialista para consolidar ainda mais as políticas neoliberais hegemônicas dos EUA”, disse um manifestante originário das Filipinas.
Ele acrescentou que os EUA e seus aliados têm pressionado por uma corrida armamentista militar entre os países da Ásia-Pacífico em benefício de seu próprio complexo militar-industrial.
Entre o público japonês fortemente preocupado com a aliança militar Japão-EUA estava uma senhora idosa de Hokkaido de sobrenome Kobayashi.
“O governo japonês, que deve buscar uma diplomacia pacífica e relações amistosas com seus vizinhos asiáticos, agora está ligado aos Estados Unidos”, disse ela, acrescentando que o povo japonês sentiu que a crise da guerra está se aproximando.
Na manhã de sexta-feira, Kishida levou os líderes do G7 e suas esposas para visitar o Museu do Memorial da Paz de Hiroshima, onde colocaram coroas de flores no cenotáfio e plantaram árvores sob a garoa. Muitos consideraram cínica a presença de países que fomentam a guerra, como o próprio Japão, naquele lugar sagrado para a Paz. Hiroshima foi devastada por um bombardeio atômico dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial.
Espera-se que questões importantes, incluindo a crise na Ucrânia, as perspectivas econômicas globais e as mudanças climáticas, sejam abordadas durante o encontro de três dias, embora as expectativas para alcançar resultados tangíveis permaneçam baixas, senão resultados que agravem ainda mais a situação.
Com informações de Xinhua