Um novo mundo
Os EUA já dão sinal de recessão econômica e a bolha fictícia do capital especulativo vai estourar novamente.
Publicado 18/04/2023 11:18 | Editado 18/04/2023 11:23
“Assim será o Século XXI. Em seus começos, haverá sombras e luzes, no começo mais sombras do que luzes. Depois, o quadro se inverterá. A humanidade viverá tempos de grandes esperanças”. João Amazonas
O Século XXI, como escreveu João Amazonas em seu célebre artigo Socialismo no Século XXI, começou realmente com mais sombras do que luzes. Após mais uma grande crise do capitalismo em 2008, o que se viu aparecendo como alternativa para preservar a condição política do capital foi o fascismo.
Com o capital cada vez mais enfraquecido e a sua resposta bélica aflorada, iniciou-se uma série de conturbações políticas, principalmente no Oriente Médio, com a chamada primavera árabe.
Na Síria, em 2011, começa uma guerra civil para tentar derrubar o presidente Bashar Al-Assad; em paralel, na Líbia estouram protestos e uma guerra civil para derrubar o presidente Muammar Gadaffi, foi assassinado em praça pública; estranhamente, países com líderes desafetos dos EUA e com as forças da OTAN financiando os rebeldes.
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Na Ucrânia, em 2014, um presidente eleito foi derrubado e no lugar colocaram uma junta fascista no poder, iniciando uma série de conflitos na fronteira Russa que deixou cerca de 15 mil mortes.
Na América Latina, a geopolítica da intervenção patrocinada pelo capital derrubou governos legitimamente eleitos através de uma nova expertise, o Lawfare, perseguição jurídica e midiática que resultou em impeachments ou renúncias. Honduras 2009, Paraguai 2012, Brasil 2016, Bolívia 2019.
Enquanto isso, no seio do imperialismo um fascista foi eleito presidente. Donald Trump, alçado como modelo do fascismo, exportou a política de extrema-direita para o resto do mundo.
O tempo de sombras do início do século XXI contou ainda com uma terrível pandemia viral que desarticulou as cadeias produtivas do mundo e mostrou a fragilidade do capitalismo e sua ideologia. Se não fosse o socorro dos Estados ao capital, mais uma vez, não haveria possibilidade de sobrevivência da economia global.
Os EUA já dão sinal de recessão econômica e a bolha fictícia do capital especulativo vai estourar novamente.
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O ciclo de crises do capitalismo não terminou após 2008 e deixou um legado de desigualdade social e conturbações políticas e econômicas nesses últimos tempos, como a volta do nazifascismo como alternativa de poder para as massas que se encontram cada vez mais empobrecidas.
Além disso, as tensões geopolíticas que envolvem a guerra entre Rússia e Ucrânia tendo a OTAN como principal financiadora do terror, as agressões a soberania da China com provocações dos EUA em Taiwan e as tentativas reiteradas de desestabilização da América Latina com interferência nas políticas internas de países soberanos, são sintomas de uma hegemonia decadente do capital.
O capitalismo é um sistema de mentiras e precisa ser superado por uma nova formação política, econômica e social, dirigida pelos trabalhadores e trabalhadoras, o socialismo.
Em artigo de minha autoria publicado em 2020 Superar o capital, seu sistema e suas crises, afirmei que “o que deve nascer após essa, que será a maior crise do capitalismo de nossa história, são Estados-Nação de natureza socialista que sejam capazes de manter os investimentos públicos, empresas estatais, grandes programas sociais como saúde pública universal, educação pública universal e rendas básicas de cidadania e garantia de pleno emprego”.
A China socialista se apresenta como locomotiva desse novo mundo, oferecendo alternativas para a modernização dos países periféricos em busca do desenvolvimento pleno.
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Iniciativas multilaterais como o BRICS mudam o centro dinâmico da economia mundial e começam a estabelecer uma relação comercial fora da hegemonia do dólar.
O Brasil se reposiciona no novo mundo, liderando e fortalecendo novamente a integração da América Latina através do Mercosul, da UNASUL e da CELAC. Além disso, indicamos a presidência do New Development Bank, o Banco dos BRICS, onde Dilma Rousseff desempenhará papel destacado.
A Rússia, mesmo em guerra contra a OTAN, sofrendo severas sanções econômicas do ocidente, preserva sua economia interna e fecha acordos bilaterais históricos com a China. O presidente da China, Xi Jinpin,g em sua visita à Rússia, disse a Putin “Há mudanças acontecendo agora que não acontecem há 100 anos”.
A Nova Rota da Seda coloca países da África na rota do desenvolvimento e hoje vemos uma Nigéria crescendo mais do que países da Europa, grandes investimentos em infraestrutura no Quênia, Zimbábue, Congo e demais países.
Países rivais no Oriente Médio desde 2016, Arábia Saudita e Irã reestabeleceram relações diplomáticas com intermédio da China, acontecimento que trará grandes repercussões para o desenvolvimento da região e do mundo mulçumano.
Lula em sua visita recente à China desfilou ao lado de Xi Jinping em cortejo recepcionado por crianças chinesas ao som da música “Novo Tempo” de Ivan Lins. Na ocasião, Lula e Xi Jinping assinaram 15 acordos de cooperação em diversas áreas, somando o total de R$50 bilhões de investimentos.
Um novo mundo é um mundo multipolar onde a cooperação e a solidariedade se colocarão no lugar da barbárie individualista do capitalismo. Não existe saída individual para problemas globais como a questão da paz entre os povos, das mudanças climáticas e da superação da pobreza e da miséria.
Mas, assim como escreveu João Amazonas, a transição de um mundo capitalista para um mundo socialista não é tarefa simples e imediata. O capitalismo não deixará de existir do dia para noite e quanto mais acuado, mais agressivo se tornará. Inevitavelmente o socialismo se coloca como alternativa econômica, social e política, especialmente contra o neoliberalismo, versão débil do capitalismo decadente.
O Século XXI é o Século do socialismo. Um novo mundo para a humanidade!