Em defesa do Rio Grande do Norte

A onda de criminalidade é um ataque aos poderes constituídos. Em circunstâncias extraordinárias como esta, é urgente a formação de uma ampla frente – um grande esforço político suprapartidário, institucional e social – em defesa do Rio Grande do Norte.

Agentes da Força Nacional de Segurança atuam no Rio Grande do Norte para conter a onde de criminalidade. Foto: ASSECOM RN/Rogério Vital

Mais uma vez, o Rio Grande do Norte é palco da ação das facções criminosas que aterrorizam a população. Numa onda de ataques planejados e articulados – típicos de uma rede muito bem profissionalizada –, o crime organizado age contra as estruturas públicas e privadas, provocando até mesmo morte. É a tática do pavor e do pânico para emparedar o Estado e recuperar sua organicidade.

Além do povo potiguar – vítima maior dessa criminalidade –, os segmentos produtivos, comerciais e de serviços também são seriamente atingidos. Nossa solidariedade a todos.

Não se trata de um ataque à uma gestão pública – mas, sim, aos poderes constituídos. Em circunstâncias extraordinárias como esta, é urgente a formação de uma ampla frente – um grande esforço político suprapartidário, institucional e social – em defesa do Rio Grande do Norte. Assim, saudamos as iniciativas da governadora Fátima Bezerra (PT-RN), em particular a de envolver os poderes locais e federal para enfrentar essa onda de violência criminal. Apoiamos essas medidas, que são necessárias à recuperação da normalidade em nosso estado.

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Contudo, precisamos envolver também nessa responsabilidade pública os detentores do sistema de comunicação no estado. Apesar de a maioria deles ainda estar em franca oposição ao governo, não é justificável que alguns, mesmo involuntariamente, terminem contribuindo com a propagação do terror. 

Respeitosas opiniões apressam-se em apontar uma única razão para os ataques a que estamos sendo submetidos. Com superficialidade, restringem o caos como uma reação a maus-tratos ou outras violências condenáveis. Essa é justamente a aparência dos fatos que as facções criminosas querem que absorvemos.

Conforme dados de 2022, a população carcerária do Brasil é de aproximadamente 837 mil pessoas. Parte considerável desses encarcerados foi presa como traficante, apesar de ser apenas usuária, pega com pequenas quantidades de drogas. É um contingente “estratégico” que, concentrado num espaço físico definido, comum e desamparado socialmente, torna-se dependente das políticas assistencialistas das facções.

A resultante é um exército dependente de ordens e exigências das hierarquias criminosas. Portanto, precisamos interromper essa lógica, pois ela alimenta o crime organizado no Brasil. O Rio Grande do Norte, como outros estados, submeteu-se a esse esgotado modelo.

Apesar da complexidade e da sensibilidade do tema, precisamos enfrentá-lo como necessidade estrutural da sociedade contemporânea. Acadêmicos, especialistas e juristas elaboram há algum tempo sobre o assunto e defendem mudanças na atual Lei de Drogas (Lei 11.343/2006). É preciso amadurecer e impulsionar esse debate.

Venceremos!

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